Nadine Talleis nasceu nos anos 1980 no Haiti, franzina e com apenas 15% de visão.
Ainda menina, seu pai, que era político, foi assassinado por opositores. A perda fez com que a mãe ficasse deprimida, morrendo em menos de um ano.
Nadine passou a ser criada pelo avô.
Vivia com certa tranquilidade, até que, em 2010, sua cidade, Porto Príncipe, capital de seu país natal, foi sacudida por intenso terremoto.
A destruição causada pelo abalo sísmico deixou mais de duzentos e cinquenta mil mortos. De Nadine, o terremoto levou a casa, a família, parentes, amigos.
Ficou soterrada nos escombros por três dias até ser encontrada e resgatada.
Sem mais nada, seguiu em uma longa viagem, a fim de buscar novas oportunidades e reconstruir sua vida, acompanhada por um tio.
Saiu de seu país, passou pela República Dominicana, Equador, e de ônibus até a fronteira do Peru com o Brasil, chegando no Estado do Acre em 2013.
Encontrou uma estrutura precária para abrigar as centenas de refugiados. Dividia um espaço exíguo com mil e trezentas pessoas e somente dois banheiros.
Muitas pessoas conseguiam ser recrutadas por empresas que buscavam mão de obra local, mas ela, agora cega e franzina, era sempre preterida.
Quando seu tio, única pessoa próxima que tinha naquela situação difícil, conseguiu emprego em outra cidade, Nadine o estimulou a aceitar.
Naquele meio, sem ninguém de suas referências, mesmo com todas as suas dificuldades, buscou ser útil.
Versada não só no creole, mas no francês, espanhol e inglês, passou a atuar como intérprete de alguns, escritora para outros.
Sua trajetória começou a tomar outros rumos quando um dos voluntários do abrigo, sensibilizado com a história daquela jovem, a colocou em contato com parentes seus que moravam em Brasília.
Aceitando a sugestão do voluntário amigo, ela partiu para a residência da família que a recebeu, na capital federal.
A recepção foi de tal forma calorosa que, em pouco tempo, ela passou a tratá-los por pai e mãe.
Por iniciativa própria, decidiu se matricular em uma Faculdade de Direito.
Formou-se e, antes de colar grau, já havia passado no exame profissional, sendo a única da sua turma a ter conseguido tal feito.
Sempre com otimismo e fé na vida, Nadine superou obstáculos que pareciam impossíveis de serem enfrentados.
Malgrado condições difíceis, nunca se impôs limites, nem se viu incapaz de superá-los.
* * *
Os desafios da vida são sempre convites para o aprendizado, para novas conquistas morais.
Nada que nos ocorra, será em demasia. O adágio popular diz que Deus a ninguém oferece carga maior do que aquela que possa suportar.
É uma verdade se tivermos em conta que tudo está sob o olhar da Providência Divina, nos ofertando aquilo que nos é próprio, e na medida da nossa capacidade.
O que a cada um de nós compete é se armar de coragem, se acreditar eficiente para equacionar o que nos chega, no campo das dificuldades financeiras, enfermidades, ou de ordem afetiva.
Tenhamos fé e vençamos.
Redação do Momento Espírita, com dados
biográficos de Nadine Talleis.
Em 3.8.2