A vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, cuja validação oficial foi feita pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) na última quinta-feira (22), dividiu a América Latina.
Paraguai e Guatemala não aceitaram os resultados da corte, considerada um braço do governo chavista no Judiciário, por não apresentar as atas das eleições de 28 de julho.
“Lamentamos profundamente a decisão do governo venezuelano de prosseguir com a ratificação dos resultados eleitorais que não refletem a vontade do povo venezuelano”, escreveu o presidente paraguaio, Santiago Peña, em seu perfil na rede social X.
Segundo ele, “é inaceitável tentar validar o vencedor sem uma revisão profunda e independente dos votos”.
O chefe de Estado na Guatemala, Bernardo Arevalo, utilizou-se da mesma rede para declarar o não reconhecimento do país quanto ao posicionamento do TSJ venezuelano.
“O regime Maduro não é democrático e não reconhecemos os seus feitos. Os povos do nosso continente devem exigir uma solução pacífica que garanta a vontade popular e a recuperação do país para todos os venezuelanos”, escreveu.
Por sua vez, Cuba e Nicarágua celebraram a decisão que confirmou a reeleição de Maduro. O país governado por Miguel Díaz-Canel pediu respeito aos resultados.
“A decisão do Supremo Tribunal da Venezuela confirmou a vitória da revolução bolivariana e chavista e a reeleição de Nicolás Maduro como presidente. As decisões das instituições venezuelanas devem ser respeitadas e as interferências na Venezuela devem acabar”, escreveu o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, no X.
Já o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, parabenizou o chefe de Estado venezuelano pela sentença da Suprema Corte.
Ortega discursou em uma praça dedicada a Hugo Chávez na capital federal, Manágua, como se vê em um vídeo publicado por ele em seu perfil no X.
“Hoje é um dia de vitória”, declarou o líder nicaraguense. “A vitória do povo de Bolívar, de Chávez e de Nicolás Maduro”, concluiu.
Nesta sexta-feira (23), poucas horas após a declaração oficial do governo da Venezuela confirmar a vitória de Maduro no pleito eleitoral de 28 de julho, ex-funcionários do Supremo Tribunal venezuelano revelaram que os “presidentes das câmaras da instituição se reuniram no palácio [presidencial] de Maduro, em Miraflores”. A denúncia é da ONG Provea em seu perfil no X.
Um ex-juiz do órgão disse à missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na Venezuela “que lhe foram apresentadas sentenças prontas para assinar: ‘Não houve tempo para ler, nem para refletir’”.
A prática também foi confirmada por um ex-advogado do mesmo tribunal, que afirmou que “as sentenças foram previamente elaboradas e impressas para serem assinadas pelos juízes. “Fomos todos testemunhas disso, todos nós que trabalhamos lᔑ.
Paralelamente, Brasil e Colômbia trabalham em um posicionamento conjunto sobre a sentença da Suprema Corte venezuelana, informa a CNN brasileira.
Neste contexto, não se pode descartar hoje (23) um telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro.
Segundo fontes brasileiras, o posicionamento que está sendo construído reitera o pedido de transparência e apresentação de documentos oficiais. (ANSA).