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Rio Negro atinge maior seca da história, em 121 anos de medição

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Barqueiro tem dificuldades de passar por baixo de ponte em curso d’água no Rio Negro, em Manaus
Barqueiro tem dificuldades de passar por baixo de ponte em curso d’água no Rio Negro, em Manaus — Foto: RAPHAEL ALVES/Agência Enquadrar

O Rio Negro atingiu sua menor marca em 121 anos de medição. O nível do rio está em 12,66 na manhã desta sexta-feira (4), segundo dados medidos pelo Porto de Manaus. Este é o menor nível do rio já registrado, superando os 12,70 marcados em outubro de 2023.

O rio está baixando em média 19 centímetros por dia. A seca deste ano está mais severa e isso se reflete na antecedência da estiagem, que costuma acontecer anualmente nos meses de outubro. Em 2023, a falta de chuvas já havia sido histórica, mas, no dia 30 de setembro do ano passado, o Rio Negro estava com uma profundidade de 15,66 metros, enquanto a mínima de 12,7 foi alcançada apenas no dia 27 de outubro, ou seja, um mês depois do que está sendo visto neste momento.

Considerando o que houve no ano passado e a seca atual, os pesquisadores do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) estimam que o rio pode ficar até mais de dois meses em uma cota abaixo de 16 metros. Historicamente, a cota abaixo de 15,8 metros é considerada severa, e chega a nível “extremo” quando supera os 14.05 metros.

O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas e o sétimo maior rio do mundo em volume de água. O seu ciclo de cheias e secas é natural, mas a gravidade da estiagem dos últimos dois anos alcançou marcas históricas e impactos sociais e ambientais. Como os barcos são a principal forma de transporte na Amazônia, a seca, que impede navegação em alguns trechos, deixa comunidades isoladas, sem acesso a abastecimentos e diesel.

Moradora da comunidade Nossa Senhora de Fátima, zona rural de Manaus, Cassia Maria da Silva explica que hoje apenas poucos barcos, pequenos, chegam até o centro da capital, em um trajeto que costumava levar 15 minutos. Pela estrada, a viagem dura entre três e quatro horas.

— Está bastante difícil, o rio está tão seco que andamos no meio dele. A Defesa Civil precisou distribuir água e alimentos. Muita gente parou de trabalhar, como os pescadores e comerciantes, porque alguns mercados precisaram fechar — explicou a moradora, em relação à dificuldade no abastecimento de —mercadorias . O Globo

 

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