Para dar mais visibilidade ao trabalho das cientistas mulheres do Brasil, foi lançada nesta quarta-feira, 12, a plataforma online Open Box da Ciência (www.openciencia.com.br), que destaca o trabalho de 250 pesquisadoras consideradas protagonistas em suas áreas.
O projeto cruzou dados do Censo da Educação Superior com informações de outras bases de dados oficiais, como a Plataforma Lattes, para rastrear o número de artigos científicos publicados, prêmios recebidos, eventos organizados pelas cientistas e se estão engajadas em divulgação científica.
A partir da análise, foram mapeadas 50 pesquisadoras de destaque em cinco áreas: Ciências Biológicas, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharia e Ciências da Saúde. Não foi criado um ranking de melhores. O objetivo é mostrar as mulheres que estão fazendo pesquisa de excelência no País, explicou a cientista de dados Natália Leão, responsável pela pesquisa e pela metodologia.
A iniciativa da organização Gênero e Número, apoiada pelo Instituto Serrapilheira, considerou os critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a concessão de bolsas de apoio à pesquisa para desenvolver um algoritmo que listou todas as pesquisadoras do País com doutorado. Na plataforma, de acesso livre, é possível ver o perfil das pesquisadoras, reportagens que narram suas trajetórias, além de algumas análises dos dados observados.
Um deles aponta a ainda baixa representatividade feminina nas Exatas. As mulheres representam 26% das vagas de doutorado em Engenharia e 31% em Ciências Exatas e da Terra.
A maior parte das pesquisadoras destacadas na plataforma é branca, com mais de 40 anos, e tem como renda principal os salários das universidades ou centros de pesquisa onde também lecionam. Segundo o levantamento, apenas 15% delas recebem bolsa para pesquisa, apesar de todas terem produção científica relevante para ser candidatas naturais ao recurso.
Desigualdade
O levantamento também expõe a desigualdade que existe no Brasil, que cresce conforme aumenta o grau de instrução dos pesquisadores. “As mulheres representam 46% das docentes de ensino superior, mas apenas 23% delas são pretas e pardas. Na pós-graduação, há apenas 400 professoras doutoras. Elas representam 2,4% das docentes”, afirmou ontem Vitória Régia da Silva, jornalista da Gênero e Número, durante o lançamento da plataforma no Instituto de Física Teórica da Unesp.
Artigos científicos
Pesquisadores brasileiros publicam cerca de 230 artigos científicos, em média, por dia, além de 170 capítulos de livro. Desses 400 novos conteúdos diários, pelo menos uns 10% têm interesse social e, portanto, jornalístico, mas os assuntos não estão nos jornais. Foi diante dessa conclusão que foi pensada uma nova agência de notícias da ciência brasileira, a Bori (abori.com.br), lançada ontem em São Paulo.
O veículo terá como objetivo principal conectar cientistas com jornalistas, e não apenas os que escrevem sobre ciência, a fim de aumentar a visibilidade sobre as pesquisas de destaque que estão sendo feitas no Brasil. A agência vai funcionar em moldes semelhantes ao serviço EurekAlert, dos Estados Unidos, por meio do qual jornalistas cadastrados receberão sugestão de artigos científicos inéditos com uma data embargada de publicação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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