O papa Francisco condenou a discriminação contra os ciganos da Europa nesta quinta-feira (9) e manifestou sua solidariedade à toda comunidade das etnias rom e sinti. Durante um encontro com cerca de 500 ciganos no Vaticano, o Pontífice criticou a “adjetivação” de pessoas e quem os considera “cidadãos de segunda classe”. “É verdade, existem cidadãos de segunda classe. Mas os verdadeiros cidadãos de segunda classe são aqueles que descartam as pessoas: esses são de segunda, porque não sabem abraçar.
Sempre, com os adjetivos, excluem os outros. Pelo contrário, a verdadeira estrada é a fraternidade”, disse ao grupo. Depois de ouvir testemunhos e cantos, Francisco fez um discurso improvisado, apelando à esperança em Deus, que “nunca desilude” “Avançar com dignidade: a dignidade da família, do trabalho, de ganhar o pão quotidiano. É isso que nos leva em frente: a dignidade da oração. Olhando sempre para frente. E quanto vier o rancor, ignorar, pois a história nos fará justiça”.
Por fim, Jorge Bergoglio prestou sua solidariedade quando lê acusações nos jornais contra os ciganos e fez um apelo para que o rancor seja deixado para trás. “Quando leio nos jornais algo de ruim, vou ser sincero: sofro.
Hoje li algo ruim e sofri, porque isso não é civilidade. O amor é a civilidade”, disse. “O rancor afeta a todos, deixa a família doente. Isso leva você a vingança. Na Itália existem organizações que são mestres da vingança. Um grupo de pessoas capazes de se vingar, de viver em silêncio é um grupo de delinquentes, não pessoas que querem trabalhar”, finalizou. Os ciganos são alvo de intensa discriminação na Itália, ainda que tenham nascido no país. O ministro do Interior Matteo Salvini chegou a propor a realização de um “censo” das populações nômades. Em Roma, inclusive, os neofascistas criticam a concessão de casas populares a ciganos e já mobilizaram moradores da periferia romana em diversas ocasiões. Desde que assumiu o pontificado, em 2013, Francisco visitou diversos campos de nômades nos arredores da capital italiana e já fez duras críticas em decorrência da situação precária na qual muitos deles vivem. (ANSA)