Enquanto comentamos a respeito das tantas coisas tristes que acontecem no mundo, gratificante tomarmos conhecimento de atos nobres.
Um exemplo é do engenheiro civil, de apenas vinte e oito anos, do Interior de São Paulo, que cuida de seu avô, de noventa e cinco anos.
Santino é portador de Alzheimer e há três anos ficou cego por causa do glaucoma.
O rapaz contou com a colaboração da sua mãe até dois anos atrás, quando ela morreu. Então, contratou uma cuidadora para as horas do dia, enquanto ele trabalha.
Desejando estimular outras pessoas a procederem ao acolhimento e atendimento aos seus idosos, o engenheiro Furlan costuma gravar alguns vídeos.
São cenas aparentemente normais como conversar, alimentar e fazer a barba, que ganham um ar especial na maneira como ele expressa carinho para com o avô.
Em um vídeo recente, Juliano oferece um copo de leite ao avô que registra a presença do neto, embora o considere uma criança.
Diante da problemática decorrente do Alzheimer, ele insiste para que o netinho tome o leite, mesmo que seja somente um pouquinho.
A tonalidade da voz de um para com o outro, a paciência são demonstrações que dizem do amor verdadeiro.
O jovem engenheiro conta que as noites são muito difíceis. Noites em claro que fogem das contas, afirma.
Apesar de, em chegando da atividade profissional, precise atender o avô no banho, no corte da barba, Juliano enfrenta o segundo turno com bom humor e disposição.
Uma forma rara e especial de tratar quem vive desconectado da realidade e exige muita, muita paciência.
Nessa casa o lema é Amar para viver e viver para amar.
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O amor entre os membros da família é riqueza que podemos desfrutar na face da Terra.
Quando impera o amor, não importam quais sejam as condições dos que compõem a família. Ou o que necessitem.
Tudo passa a ter o sabor de boa vontade, de atenção, do prazer na convivência, e até mesmo das risadas que surgem nas horas mais difíceis.
A doença fica menos complicada, os limites se transformam em desafios, as conversas mais descontraídas.
A família é a associação terrena concedida por Deus como oportunidade para o aprendizado em ambiente seguro e protegido.
É o local onde podemos exercitar a prática do respeito, do perdão, do carinho e da compaixão, como forma de amar verdadeiramente.
Isso tudo nos leva a abrir mão de nossos interesses, para enfrentar as adversidades, quando surjam.
Sementes de amor verdadeiro desabrochando em nós, permitindo enxergar o próximo, antes de vermos a nós mesmos.
É dessa forma que o lar se constitui no porto seguro, onde o aconchego e a confiança diluem as mágoas, e tudo é tratado na linha do respeito e da compaixão.
Exige apenas a busca sincera da simplicidade e da humildade, para que se concretize o auxílio mútuo e a afeição legítima.
E o amor será sempre o conforto para as almas sofridas que se encontram unidas na sociedade chamada família.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida de
Juliano Furlan e no texto Família – Convite ao amor, do
Jornal Mundo Espírita, de maio de 2017, ed. FEP.
Em 16.5.2020.
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