“Eu sempre fui polêmico. Ponto. Mas costumo dizer que sou um vendedor de emoções. E um equilibrista, porque ando no fio da navalha o tempo inteiro: de um lado as emoções, e do outro, a realidade dos fatos, que eu não posso ignorar. O equilibrista às vezes cai, não é? Muitas vezes, eu caí. Eu não sou bonzinho 24 horas por dia, mas também não sou nenhum monstro, não”. Assim se definiu Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, aos 72 anos, minutos antes de assistir ao primeiro episódio do original Globoplay “Galvão: olha o que ele fez”, que chega à plataforma de streaming nesta quinta-feira (dia 15).
— O título vem da narração que fiz do gol do Ronaldinho Gaúcho, na estreia dele na seleção brasileira, em 1999. Mas eu nem sei se fiz tanto assim… Não sei se a minha vida merece um documentário. Confesso que não sei se fiz por valer a pena — afirma Galvão, revelando a sua faceta mais modesta.
Tijucano e flamenguista de personalidade fortíssima, o narrador também surge no vídeo esbravejando e xingando, em bastidores de jogos e até mesmo durante as filmagens do documentário.
— Eu pedi à direção que não mostrasse só o “Olha como ele é bacana”, “É tetra!”, “É penta!”, “Ayrton Senna do Brasil!”, “É prata!”, “É ouro!”… A vida não é assim, né? — sublinha o homenageado.
Ainda no primeiro semestre do ano passado, os diretores Sidney Garambone, Gustavo Gomes e sua equipe viajaram com Galvão para Estados Unidos, Japão e Catar, países que foram palco de grandes narrações de sua carreira. E também visitaram seus refúgios pessoais: a casa onde mora em Londrina, no Paraná, e a fazenda Candiota, no interior do Rio Grande do Sul. A intenção era trazer à tona histórias desconhecidas, bastidores e a intimidade desse veterano da comunicação esportiva cuja voz ecoa pelo mundo afora há quase 50 anos.
— O maior desafio foi furar o mármore que o Galvão é. Ele criou uma estrutura rígida para se proteger e superar problemas da infância. O pai se afastou antes de seu nascimento, ele foi criado pelos tios e depois voltou para a mãe. Foi preciso entrar nos segredos desse homem, nas inseguranças, contradições e fórmulas — diz Garambone.
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