Morre mãe que descobriu câncer no dia do parto

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A mãe soube que tinha um câncer em estágio avançado no mesmo dia em que deu à luz — Foto: Reprodução/ Kidspot

O dia do nascimento de um bebê costuma ser um dos mais felizes da vida das mães. Para Karyn Love, uma australiana de Brisbane, no leste do país, a sensação foi diferente, bem mais amarga. Poucas horas depois de dar à luz sua bebê, ela soube que estava com um câncer de mama em estágio avançado, já se espalhando para outros órgãos, e que a previsão era de que ela teria apenas mais três semanas de vida.

O que são três semanas para a mãe de uma bebê recém-nascida, com a vida inteira pela frente? Pensar na perspectiva é assustador. Mas essa era a realidade com a qual ela tinha de lidar. Karyn, 39, foi muito além da expectativa médica e conseguiu sobreviver por 19 meses. Agora, ela tragicamente faleceu, deixando a pequena, que tem 1 ano e 7 meses — melhor do que a previsão inicial, mas, ainda assim, muito cedo.

Quando estava com 29 semanas de gravidez, em maio de 2021, Karyn sentiu uma dor forte nas costas e foi levada às pressas para o hospital, onde passou por uma cesariana de emergência. Em seguida, recebeu a pior notícia de sua vida: descobriu que estava com o câncer metastático. A doença já havia se espalhado para o fígado, para os ossos e para o nervo óptico.

Apesar de ouvir que tinha menos de um mês de vida e que tinha de pensar em um tutor para cuidar de sua filha, a mãe não desistiria tão fácil. “Eu estava em estado de choque. Eu não acreditei ”, disse em uma entrevista ao Kidspot, na época. “Eu simplesmente fiquei lá, entorpecida fisicamente (pela epidural) e emocionalmente. Eu dei à luz e, então, naquele mesmo dia ouvi que eu tinha um câncer espalhado por todo o meu corpo”, relatou.

Antes do parto, Karyn nunca achou que pudesse ter algo errado com a sua saúde. Ela atribuía os desconfortos que sentia à gestação. No entanto, um pouco antes, com 28 semanas, ela começou a sentir dores insuportáveis e foi para o hospital.

“Eles voltaram muito rápido e me disseram que eu precisava ter o bebê ou nenhum de nós sobreviveria”, explicou. Karyn foi transferida para a terapia intensiva, onde os exames revelaram que ela tinha câncer em estágio quatro.

Passaram-se cinco dias até que Karyn finalmente pudesse segurar a filha, Billi, no colo. “No momento em que a peguei e fiquei cara a cara, foi quando a vulnerabilidade da minha vida me atingiu – foi quando o peso real disso me atingiu”, afirmou. “Eu a olhei e disse: ‘Eu não vou; eu vou ficar’”, lembrou.

Após três semanas no hospital, alternando entre a UTI Neonatal e a ala de oncologia, Karyn optou por voltar para casa. Após 69 dias no hospital, Billi também pôde ir para casa.

“Desde que vivo como se estivesse morrendo, na verdade, comecei a viver – e a viver uma vida muito, muito presente como nunca havia sentido antes”, explicou. “Quero que minha filha se lembre de mim e tenha orgulho de como sua mãe escolheu viver sua vida”, declarou.

Uma amiga dela, Camilla Chaplin, criou uma página de financiamento coletivo no site Go Fund Me, para poder arcar com os custos do tratamento de Karyn e criar um fundo para a pequena Billi. A dramática história comoveu muita gente e a ação arrecadou cerca de 200 mil dólares (o equivalente a pouco mais de 1 milhão de reais).

“Embora Karyn tenha superado as expectativas de todos e não apenas tenha vivido mais do que as três semanas que os médicos inicialmente lhe deram no diagnóstico, mas comemorado o primeiro aniversário de Billi, sua saúde estagnou”, escreveu Camilla. “O câncer em seus ossos permanece teimosamente lá e ela sente que algo radical precisa acontecer para que isso mude”, acrescentou.

A ideia era reunir uma quantia que permitisse que a mãe viajasse, para tentar participar de tratamentos experimentais. Ela ia para o México, onde faria um tratamento que custaria o equivalente a R$ 200 mil. No entanto, acabou indo para a Alemanha, em novembro. Infelizmente, não teve mais tempo.

A triste notícia da morte de Karyn foi divulgada em seu perfil do Instagram, nesta semana. “Karyn Louise Love. 1983-2022. Sorria por mim, estou livre. Obrigado por todo o seu amor e gentileza durante minha jornada, vou me lembrar de vocês”, dizia o post. Ela faleceu na última segunda-feira (12).

RC
12:00:03

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