Com a ativação do sinal 5G – iniciada na última semana em Brasília e prevista para outras capitais ainda neste semestre, as vendas de celulares compatíveis com a nova tecnologia devem dobrar, ajudando a salvar o mercado de smartphones, que vem em baixa. De acordo com dados da consultoria IDC Brasil, foram vendidos 45,8 milhões de aparelhos em 2021, queda de 6,1% ante 2020. Para este ano, a projeção era de recuperação, mas a falta de produtos e a crise econômica esfriaram as perspectivas.
A IDC esperava para este ano uma alta de 4,5% a 5% nas vendas, mas revisou sua expectativa para 0%, com chance até mesmo de uma nova retração, segundo o gerente de pesquisa da IDC, Reinaldo Sakis.
Um dos problemas foi a falta de componentes que vêm da Ásia, onde a pandemia recrudesceu nos primeiros meses do ano, afetando a indústria local e as exportações. “As varejistas brasileiras faziam pedidos, mas as fabricantes não estavam entregando”, diz Sakis.
A situação está mais normalizada agora, mas a crise econômica atrapalhou os negócios no Brasil, tanto para quem vende os celulares, quanto para quem compra. As varejistas reduziram o tamanho dos estoques para preservar o caixa. Já os consumidores foram afetados pela inflação e pela subida dos juros. “O bolso do brasileiro está mais comprometido”, lembra Sakis.
Essa situação, somada ao preço dos smartphones, que vem que inibiu as vendas. Em 2021, o valor médio dos aparelhos vendidos foi de R$ 1.845, aumento de 19,5% ante 2020. No começo deste ano, atingiu o patamar de R$ 2.230, uma escalada de 21%, segundo a IDC.
O aumento no preço é explicado pela disparada nos custos dos componentes e também dos fretes, além da estratégia dos fabricantes em concentrar os lançamentos em produtos apresentados como “premium” (com tela maior, memória expandida, câmera de maior resolução e outros recursos).
Mesmo nesse contexto difícil, os smartphones com 5G estão se destacando. O consultor da IDC afirma que os celulares de alto padrão têm mantido níveis elevados de vendas. “O que está caindo são os produtos de entrada e de menor valor, que se compra nas Casas Bahia. As vendas dos aparelhos de R$ 4 mil pra cima estão crescendo quase três dígitos. A população de maior poder aquisitivo, menos impactada economicamente pela crise, continua comprando celular”, diz Sakis.
JBr
11:10:02