A identificação do vírus de uma doença chamada mayaro, no Rio de Janeiro, acende o sinal de alerta, segundo especialistas. A doença tem sintomas iguais aos da chikungunya e só circulava na região amazônica, em estados do Norte e do Centro-Oeste. Pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fizeram a descoberta.
O grupo, liderado pelos cientistas Amilcar Tanuri e Rodrigo Brindeiro, pegou 57 exames que haviam dado negativo para chikungunya, testou para mayaro e encontrou o vírus em três amostras. Os três casos, de 2016, possuem características comuns: os pacientes são de Niterói (RJ) e não viajaram a regiões endêmicas (onde o vírus circula).
Segundo o Ministério da Saúde, o mayaro é considerado endêmico na região amazônica, envolvendo estados do Norte e do Centro-Oeste. Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2016, foram confirmados 86 casos da doença no país, dos quais 76 em Goiás, nove em Tocantins e um no Pará.
O vírus é transmitido pelo mosquito Haemagogus, que habita áreas silvestres, como flores e matas fechadas. Como o chikungunya, o mayaro provoca febre alta e dores nas articulações. Por isso, no diagnóstico, as duas enfermidades podem ser confundidas.
Para os pesquisadores da UFRJ, a descoberta indica que o Haemagogus se adaptou ao ambiente urbano. Com o tempo, o vírus pode passar a ser transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Culex (pernilongo), o que potencializaria o risco de epidemia.
Assim, especialistas alertam que o vírus pode estar circulando no Sudeste, inclusive em São Paulo, embora ainda não tenha sido identificado. “Não se pode descartar isso, especialmente nas áreas de matas”, avalia o infectologista Leonardo Weissmann.
A Tribuna
09:25:03