A poucas semanas de encerrar o mandato como presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) vem dizendo a aliados que o governo precisa fazer ajustes e encaminhar uma reforma ministerial no próximo ano. A figuras próximas, ele diz acreditar que há um desequilíbrio na balança de representação na Esplanada dos Ministérios e que o governo precisa se entender melhor.
Figuras do entorno de Lira até apresentam um argumento repetido por ele: o PT, que tem representação de cerca de 16% na Câmara dos Deputados, controla 80% dos recursos sob tutela das pastas.
Na leitura de Lira, de acordo com esses interlocutores, está descompensado até a proporção de cargos entre legendas do Centrão – umas estariam, dizem esses aliados, com ministros demais enquanto outras estariam subrepresentadas. O presidente da Câmara, dizem, também crê que a reforma serviria para acomodar o clima ruim que paira na Casa, manifesto por outros deputados nas últimas semanas.
De acordo com esse entendimento, parte dessa insatisfação entre os congressistas se dá em razão da maior ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no diálogo e no tratamento com líderes da Câmara e com demais parlamentares em comparação com gestão anteriores do petista. Há uma lembrança de que essa maior proximidade, como era há quase duas décadas, tornava o clima mais ameno no Congresso.
Ele também costuma relatar para aliados que o governo precisa ser mais ágil para dar encaminhamento a iniciativas legislativas, mas que, para isso, é preciso parar o ‘fogo amigo’ entre as alas do próprio governo. EC