Algo inovador, que enxerga a ferrovia com o respeito que ela merece e, ao mesmo tempo, oferece momentos nostálgicos para aqueles que guardam lembranças dos trens do passado. É dessa forma que podemos descrever o projeto idealizado por Weslley Wagner Gagg da Costa, um jovem venceslauense de 29 anos, que está desenvolvendo um protótipo de trolinho para circular na antiga linha férrea da Fepasa.
O protótipo é composto por um chassi com quatro rodas de trem, adaptadas para garantir estabilidade nos trilhos, um motor estacionário e uma plataforma equipada com dois bancos rústicos de madeira. Em testes realizados, o trolinho tem percorrido com sucesso o trecho entre Presidente Venceslau e Piquerobi.
Apaixonado por transporte ferroviário, Weslley combina estudo e lazer nesse projeto. Ele é membro do Grupo Nacional de Preservação Ferroviária, uma associação localizada no Espírito Santo, que promove o uso recreativo e turístico de ferrovias abandonadas. Seu trolinho foi desenvolvido com recursos próprios, totalizando um investimento de cerca de R$ 8 mil, e conta com a ajuda de seus pais, Ademar e sua mãe Alice Anita, que também participaram da limpeza dos trilhos invadidos por terra e vegetação.
Apesar do avanço, o projeto ainda enfrenta desafios técnicos. O motor atual, embora funcional, não oferece a possibilidade de marcha à ré, o que dificulta manobras nos retornos. Weslley planeja substituir o motor por um modelo mais adequado, que possibilite maior versatilidade na condução.
Os pais de Weslley foram seus primeiros passageiros em um trajeto até Piquerobi, onde o trolinho despertou curiosidade e alegria. As crianças da cidade, ao ouvirem o barulho do motor, correm para ver a engenhoca passar, vibrando com entusiasmo e surpresa.
“O que é um Trole? Um trole ferroviário é um equipamento que serve para transportar e manusear peças e ferramentas ferroviárias, bem como para reboque, pequeno grupo de pessoas e de resgate de truques ferroviários”
Embora o projeto esteja, por enquanto, no âmbito de um hobby, Weslley vislumbra possibilidades de ampliar o uso do trolinho. Ele destaca a necessidade de diálogo com a prefeitura para liberar outros trechos da ferrovia, especialmente na área urbana, onde há interrupções causadas por intervenções humanas.
O trolinho representa não apenas uma homenagem ao passado glorioso da ferrovia, mas também uma esperança para o futuro. Ainda que distante de funções industriais ou de transporte de massa, a iniciativa aponta para o potencial de explorar os trilhos abandonados como uma atração turística e de lazer.
É um projeto que merece aplausos. Iniciativas como a de Weslley resgatam a memória e a essência de um meio de transporte tão marcante, além de inspirar novas ideias para o uso sustentável e criativo de nossa infraestrutura ferroviária. AMN