Toda vez que se fala da preocupação em ativação da enzima mTOR (mammalian target of rapamicim), pelo fato de induzir câncer e outros problemas, logo se pensa nas proteínas.
Especificamente, na carne, que mais uma vez fica com o papel de vilã.
Triste engano…
A mTOR é ativada não somente por proteínas, mas também por carboidratos.
O mal-entendido, no caso, é que a proteína seria o problema, ou mesmo o carboidrato.
Na verdade, mesmo com uma dieta vegetariana, haverá estimulação da mTOR. Até o exercício físico ativa a mTOR.
O problema real é que no mundo moderno as pessoas comem continuadamente, e com isso estão sempre ativando a mTOR.
Nessa condição, sim, estarão induzindo os efeitos negativos indesejáveis.
Quando se consegue um intervalo entre as refeições, sem comer nada, com janelas alimentares entre 6 a 8 horas, aí sim se gera um estímulo da mTOR adequado, sem causar consequências desfavoráveis.
Restringir proteínas como esforço para minimizar a mTOR pode ser um desastre, pois você pode assim induzir sarcopenia (perda muscular).
Fica, portanto, a lição de que você precisa de proteína, especialmente se estiver se exercitando, no envelhecimento ou em alto grau de estresse.
Para mensurar a mTOR, a única maneira é checar o IGF1 (fator de crescimento semelhante à insulina).
E mesmo nos meus pacientes idosos que continuam consumindo proteína em grandes quantidades, mas com intervalos definidos entre as refeições, observo que os valores dos seus IGF1 continuam baixos, o que é protetor.
Se o seu objetivo é construir músculos, então você pode ingerir uma quantidade maior de proteína, desde que procure fazer um programa de jejum prolongado intermitente e treino supra aeróbico.
Assim certamente vai estar bem protegido do risco de aumentar desfavoravelmente a enzima mTOR.
Ativando o mecanismo de crescimento muscular
Quando ativada, mTOR sinaliza aos músculos para aumentarem a síntese proteica e, assim, ganharem tamanho.
Quando a mTOR é inibida, a síntese proteica é contida e ocorre perda de massa muscular. É essa relação entre síntese e degradação proteica que determina a geração ou destruição de músculos.
Durante o exercício, mTOR é inibida enquanto é potencialmente estimulada.
Algo similar a uma mola pressionada em uma caixa fechada.
Porém, assim que o exercício termina, é como se a caixa se abrisse e liberasse a mTOR, que salta para a circulação sanguínea e passa a estimular a síntese proteica nos músculos.
Claro que, nesse momento, já ativada por aminoácidos e com interferência de insulina e IGF1.
No caso do jejum, a mTOR age do mesmo jeito, ou seja, inibida no jejum, é hiper ativada quando o indivíduo passa a comer, criando-se assim uma condição de anabolismo.
Janela de oportunidade
Ocorre logo após o exercício, quando os músculos se encontram mais receptivos a absorver nutrientes e proteína.
Nesse momento, quando a mTOR é liberada, torna-se altamente sensível à insulina e ao IGF1, o mais potente fator de crescimento muscular.
Comer algo após o exercício induz a insulina a potencializar o IGF1, que então chega aos níveis mais altos, permitindo a alimentação dos músculos e ganho de massa muscular.
Estudos mostram que o principal potencializador da mTOR é o exercício impactante criado com resistência, velocidade e tiros explosivos, como o treino supra aeróbico.
Esse exercício ativa um composto celular, o ácido fosfatídico, que por sua vez estimula a mTOR a elevar a síntese proteica nos músculos, promovendo ganho de massa muscular.
Além da ativação da mTOR, o treino supra-aeróbico estimula genes de fatores de crescimento que potencializam a formação de novas células musculares.
O exercício moderado e aeróbico não gera isso.
Na verdade, em exercícios aeróbicos prolongados, frequentemente os músculos podem receber o sinal errado e alcançar efeito contrário: diminuir em tamanho e resistência.
Portanto, fique atento a esses detalhes se seu objetivo é ganhar músculos.
Supersaúde!
14:00:03