Sem estrutura para combater chamas, metade das Terras Indígenas do estado sofre com incêndios. Falta de água e comida agravam o cenário e indígenas denunciam abandono.Encurralados pelo fogo, indígenas do povo Xavante, em Mato Grosso, dizem que escaparam vivos por sorte. Quando as chamas se aproximaram das ocas e parecia não haver mais saída, um vento forte mudou a direção do incêndio. Todos sobreviveram.
A cena aconteceu há poucos dias na aldeia Wederã, na Terra Indígena (TI) Pimentel Barbosa. No local vivem os parentes de Mara Barreto Xavante, nomeada por seu povo para denunciar a situação e buscar ajuda.
“Não tem brigada para combater. Fomos quase queimados vivos e estamos abandonados à própria sorte”, diz Mara, representante da Associação Aliança dos Povos do Roncador, à DW.
Faz pelo menos 60 dias que os Xavante assistem à vegetação ser consumida. A TI Pimentel Barbosa é coberta pelo Cerrado, mas há registro de fogo em pelo menos 38 dos 80 territórios indígenas no estado, que também incluem a Floresta Amazônica e o Pantanal.
Já vulneráveis pela seca severa, muitas comunidades estão isoladas, com dificuldade para acessar alimentos e sem água potável. “Minha aldeia está bebendo água do córrego que está quase seco. Há muitos casos de disenteria”, afirma Mara. DW