Milhares de venezuelanos que fogem da crise em seu país estão “presos” em um “conflito brutal” em uma conturbada e violenta região produtora de coca do nordeste da Colômbia, onde grupos armados disputam o território, advertiu nesta quinta-feira (8) a ONG Human Rights Watch (HRW).
“Os venezuelanos no Catatumbo estão presos em uma encruzilhada entre a guerra na Colômbia e o desespero por sair da emergência humanitária em seu país”, disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas do HRW, citado em um comunicado divulgado em Bogotá.
No total, haveria 25.000 venezuelanos no Catatumbo, uma região do departamento de Norte de Santander, segundo cálculos do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), mencionados pela ONG.
Com 33.598 hectares, esta região se tornou em 2018 a segunda com mais narcocultivos da Colômbia, o primeiro produtor mundial de cocaína.
Por sua localização estratégica para retirar drogas do país e seus narcocultivos, o território é disputado pela guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), dissidências de grupos insurgentes como o EPL e as Farc, e narcotraficantes.
“Enquanto os grupos armados disputam o vácuo deixado pelas Farc no Catatumbo, centenas de civis ficam no meio de um conflito brutal”, acrescentou Vivanco.
Os migrantes chegam à região através do precário controle de passagens fronteiriças, vigiadas majoritariamente por grupos ilegais e diante da “possibilidade de ter acesso a trabalhos mais bem pagos” do que na Venezuela, segundo a investigação.
Assentados majoritariamente em áreas urbanas como Tibú, Ocaña, El Tarra, Ábrego, Convención e Sardinata, os venezuelanos vivem em condições precárias, alguns dormem nas ruas ou amontoados em residências humildes, às vezes sem eletricidade ou água potável, denuncia a HRW.
AFP
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