Três homens foram assassinados e cinco pessoas ficaram feridas na noite de sexta-feira (10) após um grupo armado invadir e atirar contra o assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no Vale do Paraíba, em São Paulo —entre elas, uma das referência do movimento, com vários tiros na cabeça.
Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos.
O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos. Cerca de 45 famílias vivem na área.
Uma das vítimas era referência do movimento. Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. “O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo”, diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.
Cerca de dez homens apareceram no local em cinco carros e atiraram. Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Irmão de Gleison, Denis Carvalho, 29, foi internado em coma induzido, mas não resistiu aos tiros e morreu na tarde de sábado.
Briga envolveria políticos e milícias. “É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo”, diz Mauro em comunicado.
Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.
A Presidência da República divulgou nota sobre o atentado. O órgão cita que o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, considera o crime “bárbaro” e que pediu providências e punição ao secretário de segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e a Gilberto Kassab, Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado.
O MDA repudia o crime e manifesta solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso. UOL/Camila Brandalise