A insegurança alimentar ganhou novas formas com a pandemia de Covid-19. No intervalo de um ano, o número de brasileiros que passam fome saltou 73,3%, de 19,1 milhões para 33,1 milhões, segundo dados apresentados pela segunda edição da pesquisa Vigisan.
O estudo revela a maior proporção das famílias com renda inferior a um salário mínimo em situação grave de insegurança alimentar, especialmente entre aquelas que recebem até 25% do salário mínimo per capta, o equivalente a R$ 303. Entre elas, 43% convivem com a fome, o dobro do percentual apurado ao fim de 2020.
A situação também é grave entre os lares afetados pelo desemprego, assim como naquelas famílias que recorreram ao endividamento, à venda de bens e ao corte de despesas essenciais ou não essenciais, ou ainda nas famílias em que alguém teve que abandonar os estudos.
Conforme o levantamento, 14,3% dos domicílios tinham pelo menos um morador em busca de emprego, e em 8,2% dos lares a pessoa responsável pela família estava desempregada no período de coleta da pesquisa.
De acordo com os pesquisadores, as evidências “revelam um preocupante agravamento da insegurança alimentar em um contingente expressivo da população brasileira, iniciado pela crise econômica e desestruturação de políticas públicas nacionais, desde 2016, e acentuado pela pandemia de Covid-19, que continuava a se propagar”.
Diante da crise sanitária que assolou o país a partir dos primeiros meses de 2020, o agravamento da situação de insegurança alimentar é citado como fruto das dificuldades de recomposição das rendas do trabalho em emprego formal ou informal, da retomada de negócios e de atividades produtivas, em particular no meio rural.
O estudo cita ainda a persistência de “opções governamentais negligentes, pautadas pelo falso dilema entre economia e saúde”, como um dos agravantes para a evolução da fome no Brasil ao longo do último ano.
R7
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