“Foi totalmente inesperado. Por mais que eu soubesse do aumento das tensões do X no Brasil, os resultados da equipe estavam ótimos, e não achei que isso ia acontecer”, diz um dos ex-funcionários da empresa do bilionário Elon Musk, que, há cerca de 15 dias, fechou seu escritório no país (relembre abaixo). O profissional não quis se identificar.
Ele conta que no dia 15 de agosto, uma quinta-feira, houve uma reunião on-line da equipe de cerca de 35 pessoas do X Brasil com Linda Yaccarino, diretora-executiva da big tech, e outros profissionais da empresa.
“Na chamada, eles mencionaram preocupações com o cenário da operação brasileira do X e deram a entender que haveria mudanças. Mas, em nenhum momento, falaram em fechar o escritório”, diz o ex-funcionário ouvido pelo g1.
Dois dias depois, no sábado, às 10h, o profissional a equipe foi chamada para uma nova reunião com Yaccarino. “Eu estranhei, porque esse tipo de compromisso no final de semana não era comum no X. Mas, como era com a CEO, imaginei que seria algo importante”, relata o profissional.
Foi então que ele e o restante da equipe foram comunicados sobre o fechamento do escritório no Brasil e, consequentemente, sobre a perda dos seus empregos.
Segundo o ex-funcionário, a reunião durou cerca de 15 minutos, nos quais a executiva-chefe atribuiu o fechamento da empresa a “complexidades legais” e disse que o RH entraria em contato para seguir com os próximos passos.
“Menos de uma hora depois, meus acessos ao sistema da empresa já tinham sido bloqueados. De maneira geral, foi muito frustrante, principalmente porque o trabalho da equipe estava indo muito bem e tínhamos planos pela frente ”, conta.
Ele diz que o RH entrou em contato pouco depois por e-mail e que, nos dias subsequentes, foram pagas as verbas rescisórias, com exceção da multa do FGTS (direito de todo funcionário que trabalha em regime CLT e é dispensado sem justa causa).
Segundo o profissional, o RH do X Brasil era feito por uma empresa terceirizada. Na última sexta-feira (30), conta ele, essa empresa informou os ex-funcionários que, devido ao bloqueio das contas da Starlink, empresa de Elon Musk em operação no Brasil, não havia previsão para o depósito desses valores.
O bloqueio dos recursos da Starlink foi determinado pelo STF na quinta-feira (29) para garantir o pagamento das multas aplicadas pela Justiça contra o X.
O X, segundo o profissional, ainda não falou nada sobre o assunto com os ex-funcionários.
“Nesse sentido, estamos apreensivos. Queremos seguir em frente, mas temos que ter os nossos direitos respeitados”, diz.
Ele afirma que a equipe do X Brasil era formada por profissionais experientes, muito unidos e que seguem em contato.
Além disso, conta que o mercado de trabalho tem sido receptivo em relação aos ex-funcionários da empresa e que outras companhias já entraram em contato com ele a respeito de oportunidades de trabalho. Até o momento, ele não definiu nada.
O g1 entrou em contato com escritório global do X, mas não teve retorno até o momento da publicação desta reportagem. G1