Os Emirados Árabes Unidos planejavam aproveitar as reuniões com governos estrangeiros organizadas como resultado do seu papel como anfitrião da COP28 para fechar acordos sobre combustíveis fósseis, disse a BBC nesta segunda-feira (27).
Segundo a rede, os documentos, obtidos por jornalistas do Center for Climate Reporting (CCR) que trabalham com a BBC, foram preparados pela equipe emiradense da COP28 para o presidente da cúpula, Sultan al Jaber (que também dirige a petrolífera Adnoc), antes de reuniões com governos estrangeiros entre julho e outubro deste ano.
Os documentos, cuja autenticidade o CCR afirma ter verificado, foram obtidos por meio de um “denunciante” que permanece anônimo por receio de represálias, informou o CCR. A escolha do CEO da empresa petrolífera dos Emirados, Adnoc, para presidir a conferência climática da ONU deste ano foi muito criticada por ativistas ambientais. Segundo a BBC, trata-se de 150 páginas de relatórios preparados pela equipe da COP28 para as reuniões de Sultan al Jaber com pelo menos 27 governos estrangeiros.
Os documentos incluem “pontos de negociação”, como um com a China, segundo o qual a Adnoc quer “avaliar conjuntamente as oportunidades internacionais” para o gás natural liquefeito em Moçambique, Canadá e Austrália.
Um porta-voz da COP28, que acontecerá a partir desta quinta-feira (30) até 12 de dezembro em Dubai, respondeu que “os documentos mencionados no artigo da BBC são imprecisos e não foram utilizados pela COP28 durante as reuniões”.
“É extremamente decepcionante que a BBC utilize documentos não verificados”, acrescentou o porta-voz. Para Kaisa Kosonen, coordenadora de políticas do Greenpeace Internacional, a cúpula “deveria se concentrar no avanço das soluções climáticas de forma imparcial, e não em acordos secretos que alimentam a crise”.
“Este é exatamente o tipo de conflito de interesses que temíamos quando o CEO de uma empresa petrolífera foi nomeado para este cargo”, acrescentou.
“Se essas acusações forem verdadeiras, são totalmente inaceitáveis e um verdadeiro escândalo”, denunciou o Greenpeace em comunicado. AFP