Queda no desmatamento da Amazônia após era Bolsonaro será principal trunfo do país em Dubai. Mas plano de exploração de petróleo na Foz do Amazonas ofusca agenda positiva.O Brasil chega à próxima Conferência do Clima em Dubai (COP28) numa posição mais confortável. Com uma das maiores delegações oficiais da história, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país desembarca nos Emirados Árabes Unidos em busca de um protagonismo na mesa de negociações.
“Vamos de cabeça erguida. Evitamos lançar na atmosfera nestes dez meses cerca de 250 milhões de toneladas de CO2”, disse à DW a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrando que o estado do Pará sediará a conferência em 2025.
O cálculo tem por base a redução de cerca de 49,5% do desmatamento da Amazônia no período. Quanto o ritmo de destruição da maior floresta tropical cai, as emissões brasileiras de gases de efeito estufa, maior causador das mudanças climáticas, acompanham.
“A importância do Brasil já é muito elevada e isso também é reconhecido na diplomacia climática internacional. Se o Brasil continuar a se envolver de forma construtiva e a buscar ativamente soluções para evitar emissões e fortalecer efetivamente os ecossistemas, sua importância continuará a crescer”, afirma à DW Peer Cyriacks, da organização ambientalista alemã Deutsche Umwelthilfe, mencionando a importância da preservação de biomas como Amazônia, Cerrado e Caatinga.
Depois de comparecer à última edição da COP no Egito antes mesmo de assumir a presidência e fazer uma série de compromissos, Lula, agora como presidente, deve ser confrontado com questões difíceis em Dubai. A mais recorrente é a provável exploração de petróleo pela Petrobrás na margem Equatorial, também chamada de Foz do Amazonas.
“O país vai ter que dizer sua visão sobre combustível fóssil. O Brasil está no rumo de se tornar o quarto maior produtor de petróleo ainda nesta década”, analisa Natalie Unterstell, atual presidente do Instituto Talanoa que já contribuiu como negociador nos assuntos de mudança do clima na ONU.
A atual edição da COP será presidida por Sultan al-Jaber, que comanda a empresa estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos. O país é o sétimo maior produtor de combustível fóssil, atrás dos primeiros colocados – Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia. O Brasil ocupa a nona posição, segundo os dados reunidos pela Agência Internacional de Energia. DEUTSCHE WELLE