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CPI de Brumadinho tem depoimentos contraditórios sobre detonação de explosivos

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Um funcionário da Vale e outro terceirizado da empresa prestaram depoimentos contraditórios à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais sobre detonação de explosivos na mina em Brumadinho no dia do rompimento da barragem da empresa, em 25 de janeiro deste ano. Hoje, cinco meses depois do desastre, os bombeiros contabilizam 246 mortos na tragédia. Outras 24 pessoas seguem desaparecidas.

Relatório emitido pela empresa Tüv Süd no ano passado, em documento que atestou a estabilidade da barragem que acabou se rompendo, se posicionava pela proibição de detonações no complexo. As explosões fazem parte do processo de produção de empresas do setor, quando o minério está muito compacto, máquinas não conseguem realizar a extração. As detonações, então, são feitas para facilitar o trabalho nas minas. Um funcionário da Tüv Süd, Denis Valentim, conseguiu habeas corpus e não foi ouvido pela CPI.

No depoimento à comissão, nesta segunda-feira, 24, o funcionário terceirizado da Vale, Eiichi Pampulini Osawa, mecânico de máquinas pesadas, disse que no dia do rompimento trabalhava próximo à mina na manutenção de um trator. À Polícia Civil, em interrogatório confirmado à CPI, Osawa, que foi à comissão sem advogado, afirmou ter visto uma detonação na mina entre 12h20 e 12h40 do dia 25. A ruptura da barragem ocorreu às 12h28.

O depoente disse não saber se a detonação ocorreu antes ou depois de a barragem cair. “Vi a explosão e, quando desci (chegou próximo à área atingida pela lama), a represa tinha rompido”, afirmou.

Blaster (profissional que trabalha com aplicação de explosivos) da Vale, Edmar de Resende, que prestou depoimento ao lado de advogado contratado pela mineradora, afirmou ter feito uma detonação na mina às 13h33 do dia 25, portanto, pouco mais de uma hora depois do rompimento da barragem. Resende apresentou um vídeo que, conforme o funcionário, foi feito da explosão no dia, com etiqueta mostrando data e horário.

O funcionário relatou que a previsão era de que o horário previsto para a detonação era por volta do meio dia, mas que a operação atrasou. Resende disse ainda que ficou sabendo do rompimento da barragem pelo rádio, no horário em que ocorreu. A partir daí, conforme o empregado da Vale, sem receber qualquer orientação da mineradora, passou a avaliar, com colegas que tinha ao lado, se ativaria ou não os explosivos, que já estavam aplicados. Decidiu, então, por conta própria, fazer a detonação às 13h33. “Não sei o que o levou (o funcionário terceirizado) a achar que a detonação ocorreu às 12h20”, afirmou Resende.

Ocorreu ainda entre os dois divergência sobre a distância entre o local da detonação e a barragem. Conforme o funcionário da empresa terceirizada, um quilômetro separavam as duas áreas. Segundo o empregado da Vale, este espaço é maior, de aproximadamente quatro quilômetros. A assessoria da CPI, durante a sessão, disse que a distância é de 1,3 quilômetro

Estadão Conteúdo
16:00:03

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