A vontade de descobrir o mundo sempre rondou a cabeça de Vera Marques, de 61 anos. Casada e com três filhos adultos, a mulher nasceu na pequena cidade de Echaporã, interior de São Paulo, e sua curiosidade em saber mais sobre a vida não cabia naquele município de 6 mil pessoas. O tempo passou, ela se formou em enfermagem e assumiu a administração de um hospital em Araçatuba, no qual trabalhou por 12 anos. Até que decidiu mudar completamente seus rumos.
No final de 2014, Vera pediu demissão do trabalho, se aposentou e resolveu viajar de bicicleta. Até agora, foram 16 países e cinco continentes, só faltou a Antártida. “Essa mudança me trouxe tranquilidade e menos pressão. Quando você comanda uma equipe e toma decisões, você sente estresse. Então foi uma sensação de alívio, de ter um tempo para mim”, explica ela, que trabalhava desde os 14 anos com carteira assinada. “Achei na bike a companhia perfeita, porque ela me permite interagir mais com as pessoas durante o caminho”, afirma.
A ciclista conta que não é atleta – e tampouco faz exercícios de alta performance para conseguir pedalar tanto. Além disso, nunca se intimidou por estar na terceira idade e seu segredo da longevidade está no básico: caminha todos os dias, pedala aos fins de semana e segue uma alimentação saudável.
“É errado pensar que bicicleta exige de você um condicionamento físico espetacular. O que menos interessa em uma cicloviagem é o desempenho. Deixe se levar pelo momento. Quanto mais lento, melhor: vou parando, fotografando, conhecendo pessoas. Planejamento e conhecer o lugar é bem mais relevante”, explica ela, que tenta pedalar no máximo 50 km por dia de viagem – o equivalente à distância do marco zero de São Paulo, na praça da Sé, até Rio grande da Serra, na região metropolitana da capital paulista.
Estadão Conteúdo
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