O Sistema Cantareira entrou em estado de alerta na sexta-feira (1º), operando com 39,6% da sua capacidade, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Para especialista, cidade já vive crise hídrica. Sabesp nega.
Na última semana, paulistanos relataram períodos mais longos com as torneiras secas em casa.
O estado de alerta é atingido quando o Cantareira opera com volume igual ou maior que 30% e menor que 40% no último dia do mês. Na quinta-feira (30), o manancial operava com 39,7%. Para ser considerado normal, o volume tem de ser de pelo menos 60%. Considerado o maior reservatório de água da região metropolitana, o Cantareira abastece cerca de 7,2 milhões de pessoas por dia.
O que explica os baixos níveis do Cantareira é o déficit de chuvas, que foi de 25% de janeiro a junho deste ano. Se isso se mantiver, o reservatório pode chegar a setembro com 26% de seu volume, de acordo com a última projeção do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Entenda por que está chovendo menos no Brasil e se há risco de nova crise hídrica em SP
Moradores de diferentes regiões da cidade de SP relatam falta de água por tempo além do habitual
Em nota, a Sabesp afirma que não há risco de desabastecimento neste momento na região metropolitana de São Paulo, mas reforça a necessidade do uso consciente da água (veja nota completa abaixo).
Porém, a Companhia reconhece que tem diminuído a pressão da água nas casas para economizar água, o que já caracteriza uma crise de abastecimento, segundo o pesquisador Pedro Luiz Côrtes, professor titular do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo(USP).
“No meu entendimento, o fato de a Sabesp ter ampliado, em 2021, o programa de redução noturna da pressão na rede de distribuição, dilatando o horário e aumentando o número de bairros atingidos, mostra uma reação ao nível preocupante do Sistema Cantareira. Já estamos vivenciando uma crise, porém diferente. A redução da pressão, com ampliação do horário e dos bairros afetados, é uma forma de rodízio.”
Estado de alerta
Na prática, a determinação da Agência Nacional de Águas (ANA) do estado de alerta reduz a quantidade de água que a Sabesp pode retirar do manancial. Mas, segundo a Sabesp, a Companhia está retirando atualmente 22 m³/s, já inferior ao limite máximo autorizado de 27m³/s, o que é possível “graças à integração com os demais sistemas”.
G1
10:20:03