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A riqueza maior

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Havia um senhor muito rico que era dono de terras de valor incalculável. Vivia num palácio, rodeado de servos e amigos.

Era um homem bom e utilizava sua riqueza para atender a fome alheia, providenciar abrigo a quem precisasse, agasalho a quem pedisse.

Costumava orar todos os dias e, em suas preces, agradecia sempre pelos bens que possuía, em especial aqueles que nem o tempo, nem a ferrugem e nem a traça destroem.

Do lado oposto da aldeia vivia um camponês. Habitava uma gruta e para sobreviver plantava legumes e hortaliças que regularmente levava ao senhor do palácio a fim de vendê-las.

Toda vez que se dirigia para as terras do homem rico, ia resmungando consigo mesmo sobre o que considerava uma grande injustiça, pois aquele homem tinha tanto, enquanto ele era tão pobre.

Certo dia, chegou a notícia aos portões do palácio avisando que malfeitores estavam a caminho, provocando mortes e violência.

Temendo que algo pudesse acontecer aos seus familiares, amigos e servidores, o senhor do palácio logo providenciou para que todos buscassem lugares seguros.

Quando o último grupo se retirou, os desordeiros estavam muito perto das portas do palácio e o seu dono verificou que não havia sobrado nenhum cavalo para que pudesse fugir.

Recordou-se do vendedor de hortaliças, das tantas vezes que o auxiliara e apressado, buscou a gruta.

Lá chegando, contou-lhe tudo e pediu abrigo.

O agricultor viu ali a sua oportunidade dourada e ofereceu-se para repartir a sua gruta com o rico senhor, desde que aquele lhe doasse todos os seus bens.

Sem pensar duas vezes, o rico lhe disse que tudo lhe pertencia desde então: terras, palácio, tesouros.

O nobre senhor foi repousar, enquanto o camponês, impaciente por tomar posse do que era seu por direito, correu ao palácio, enquanto orava a Deus dizendo:

Nunca mais vou reclamar. Obrigado, meu Deus. Agora tenho tudo que sempre quis.

Os malfeitores chegaram, destruíram algumas peças, levaram outras e surraram, maltrataram e abandonaram o novo proprietário.

Passados alguns dias, o nobre, que não parava de agradecer a Deus por ter salvo sua vida, dos seus amigos, parentes e familiares, com os quais logo iria se juntar, foi levar um cesto de verduras ao palácio.

Que bom, pensou ao chegar, os malfeitores quase não estragaram nada. O homem que me salvou a vida, recolhendo-me em seu teto, deve estar feliz com os tesouros que restaram.

Percorrendo as galerias do palácio, começou a se mostrar preocupado. Poças de sangue marcavam um caminho. Acompanhando as marcas, ele chegou até o enorme salão de piso de mármore e colunas douradas.

Lá estava o camponês caído, semi-morto, sozinho. Estava cego e inválido. Apesar de toda a riqueza, não tivera ninguém que o levasse ao leito, que o tratasse e lhe aliviasse as dores do corpo e da alma.

O homem nobre abraçou o corpo machucado, transformado em farrapo humano e intimamente orou: Obrigado, Senhor! Ainda sou o mais rico por tudo que me destes.

*   *   *

De todos os bens que a Divindade nos proporciona, no caminho terreno, sem dúvida, a maior fortuna é a da vida que possibilita o nosso aperfeiçoamento.

Redação do Momento Espírita com base no artigo
Era uma vez… do jornal Correio Fraterno do ABC,
de novembro/1998.
Em 17.7.201

10:25:03

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