A pandemia provocada pelo coronavírus fez com que 23 estados e o DF adotassem auxílios financeiros próprios, como linhas especiais a micro-empreendedores e apoio a estudantes, para conter a crise econômica.
Além disso, 17 estados fecharam rodovias para frear a disseminação da doença e 7 adotaram lockdown. O balanço é do Mapa Covid-19, da Fundação Getúlio Vargas, obtido pelo G1.
O levantamento, com dados até 21 de maio, analisa como os estados, a União e quatro capitais (Rio, São Paulo, Manaus e Fortaleza) reagiram à pandemia desde que o primeiro caso foi confirmado no Brasil, em 26 de fevereiro.
A conclusão é que, em três meses, houve uma enxurrada de legislações, feitas para reorganizar a estrutura de ação do governo; e um processo de “desfederalização”, com o fortalecimento de alianças regionais – com destaque ao Consórcio do Nordeste, que fundou um comitê científico sob coordenação do neurocientista Miguel Nicolelis.
Com isso, o enfrentamento à pandemia ocorreu de forma descentralizada – cada local adotou uma medida em um período. Um exemplo citado no relatório é a política de isolamento: enquanto Goiás, o primeiro estado a declarar emergência, retomava a atividade em alguns setores econômicos, o Maranhão decretava lockdown (a medida mais severa de isolamento social).
Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde passava pela troca de dois ministros (Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril; e Nelson Teich, em 15 de maio) e a indicação de um ministro interino, Eduardo Pazuello, que está comandando a pasta desde a saída de Teich.
“Se quiser compreender a realidade do Brasil, é preciso reconhecer o fato de que não existe uma guerra, mas inúmeras batalhas diferentes sendo travadas pelo Brasil afora contra a pandemia”, afirma o coordenador da pesquisa, Daniel Vargas, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e da Escola de Direito, no Rio de Janeiro.
“Há grandes setores do país que estão sendo remexido, entre eles, o federalismo. Tradicionalmente no Brasil estávamos acostumados a enxergar as medidas sendo definidas pela União e executadas na ponta. Agora, o centro de gravidade do planejamento, execução e design de políticas públicas foi transferido para estados e municípios: houve descentralização do poder e da governança. Estados estão formulando políticas e ações que têm impacto direto e real no funcionamento da economia, seja criando subsídios, ou dando apoio para que empresas não quebrem. Todos estados, praticamente todos, estão fazendo isso de forma deliberada e ativa”, analisa Vargas.
Bem Estar
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