Mesmo 500 anos após a morte de Leonardo da Vinci, não surpreenderia ninguém se fosse descoberto em algum manuscrito ou documento antigo deixado por ele um projeto de invenção que décadas depois se materializou – mesmo que sem conexão alguma com o artista. Foi assim com o tanque de guerra, com sistemas hidráulicos e até com meios de transporte.
“Já vimos desenhos de Da Vinci em que são esquematizados túneis para que pessoas se locomovam pela cidade, deixando a superfície livre dos meios de transporte. Nós também vimos ser implantado nas últimas décadas na cidade de Milão uma rede de metrôs como não se vê em nenhuma outra cidade italiana”, afirmou Giuseppe Frangi, curador da exposição “The Genius Experience”, que mescla Da Vinci e Andy Warhol no Museu Ambrosiana em Milão, uma das muitas exposições que estão abertas no mundo para homenagear a data simbólica. O metrô em Milão foi inaugurado em 1964, 445 anos depois da morte do pintor, escultor e criador.
O conhecimento se concentrou no indivíduo de uma forma praticamente inigualável como foi com Leonardo Da Vinci, algo que para Teixeira Coelho, coordenador do Centro de Estudos Avançados da USP, nunca foi replicado por nenhum outro gênio, mas que se conecta com um instrumento que tem cada vez mais contato com o cotidiano das pessoas: “Se há algo que pode rivalizar ao Da Vinci é o computador, é uma metáfora para se ter ideia do que ele fez”.
Coelho afirma que a unificação do conhecimento é algo que os humanos tentam recriar na figura da universidade, a união de todo o saber em um mesmo espaço físico, mas que a infinidade de informações disponíveis hoje, além da divisão em áreas como as ciências biológicas e as exatas, não se faz possível. No tempo de Da Vinci o conhecimento, apesar de muito menos extenso do que hoje, sofria ingerência do Estado e da Igreja, coisa que o Renascimento Cultural, com grande contribuição de Leonardo, fez questão de quebrar.
IstoÉ/Guilherme Sette
14:30:02