Meu primeiro contato com carnaval foi frustrante. Era garoto ainda em Marabá Paulista e nossa mãe nos levou a uma matinê em um salão próximo a nossa casa na rua principal da cidade. Tudo era novidade. Confete, máscaras e serpentinas. Nesse meio recebi nos olhos um jato de lança perfume. Aquela época era lícito. Aos prantos voltei para casa.
Gostando ou não alguns, o carnaval é a maior festa popular do Brasil e com certeza do planeta. Milhões de brasileiros e turistas estrangeiros ficam extasiados com a performance das escolas de samba e milhares de blocos nas capitais do país especialmente no Rio, São Paulo, Recife e Salvador.
A música popular brasileira, especialmente o samba, evoluiu ao longo de décadas sempre ligado às escolas de samba, seus compositores, letristas, puxadores e ritmistas.
Ocorre que nas cidades pequenas como a nossa por diversos motivos inclusive de ordem econômica (que não é único) nos últimos anos quase atenção não se deu a esta manifestação popular tão legitima como o carnaval.
Quem não se recorda dos carnavais nos clubes da cidade que competiam entre si e alguns carnavais de rua que marcaram época. Acredito que com as coberturas das televisões mostrando ao vivo esse espetáculo magnifico termina por inibir nossos carnavais pelo interior do Brasil diante da modéstia e da falta de patrocínio e recursos para atrair as pessoas com produções e eventos mais envolventes.
O outro lado da questão que reputo mais grave, é um certo fundamentalismo critico por parte de setores da sociedade que creditam ser o carnaval uma festa mundana, devassa, pecaminosa.
Nem tanto ao mar nem tanto a terra. Em nome desse discurso aos poucos vamos exterminar manifestações culturais legitimas que remontam há séculos e que dizem muito de nossos povos ancestrais.
Congadas, folia de reis, bumba meu boi, maracatu são festas populares que ocorrem por todo o Brasil e que merecem atenção por parte dos formadores de opinião e dos governos.
Alguns acham normal seus filhos participarem da festa do Halloween nas escolas. Coisa totalmente estrangeira, estranha a nossa cultura, mas implicam com o carnaval e outras manifestações culturais legítimas e que fazem parte da alma do povo brasileiro.
Preservar a cultura popular e todas manifestações que fazem parte da história do povo brasileiro é um dever de cidadania.
Osvaldo Melo
Empresário e vice-prefeito de Presidente Venceslau
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