Milhões de pessoas em todo o mundo tem a impressão que o colesterol é o grande vilão e responsável pelas doenças cardiovasculares. Isso tudo começou há mais de 100 anos atrás quando o cientista russo Nikolaj Nikolajewitsch Anitschkow alimentou coelhos com colesterol e na sequência, analisando as artérias desses animais, observou a presença de placas ateroscleróticas, concluindo que o colesterol causaria essas alterações.
Com isso, concluiu que o colesterol era aterogênico, tendo sido aceito por todos sem questionamentos. Porém, ninguém parou para pensar que os coelhos são herbívoros e não consomem naturalmente colesterol.
Na sequência, o patologista alemão Rudolph Virchow, estudando a formação de placas arteriais em cadáveres, teorizou que o colesterol no sangue seria o grande culpado.
Mais uma vez isso foi aceito sem contestação.
E há cerca de 70 anos atrás, as pesquisas “mal interpretadas” por Ancel Keys concluíram que o colesterol aumentava o risco cardiovascular, nos passando a ideia de que gorduras saturadas, por serem ricas em colesterol, deveriam ser evitadas.
Isso causou uma profunda mudança nos nossos hábitos alimentares e passamos a evitar a todo custo as gorduras.
Será que o colesterol elevado realmente é lesivo?
Agora as pessoas usam cada vez mais medicamentos para reduzir o colesterol, pensando que precisam diminuir essa molécula vilã para não sofrer um ataque cardíaco.
Mas o colesterol tem muitos benefícios para a saúde…
Nós temos trilhões de células que precisam interagir entre si, e o colesterol tem um papel crítico nas membranas celulares, permitindo essa interação. Age também regulando as vias proteicas envolvidas na sinalização celular e pode regular outros processos celulares.
Desempenha papel fundamental na regulação hormonal,produzindo hormônios esteroides, incluindo os hormônios sexuais. É precursor dos ácidos biliares, permitindo que seu sistema digestivo funcione corretamente assimilando os nutrientes necessários.
Além disso, é fundamental a nível de células cerebrais, pois permite a formação de sinapses, interconectando os neurônios, o que permite o aprendizado e memória.
O colesterol mais baixo reduz doença cardíaca?
Essa noção não se sustenta, pois mesmo com a redução dos níveis de colesterol, as taxas de mortes só aumentam. Nos últimos 30 anoshouve uma reduçãode87% para 54% na taxa de colesterol elevado em média, porém a taxa de doença cardíaca coronariana só aumentou.
E como se não bastasse, as evidências cientificas que ligam o colesterol elevado às doenças cardíacas são muito fracas. Veja o que alguns estudos mostram:
Framingham Heart Study
Famoso estudo que envolveu cerca de 6.000 pessoas, investigando-se fatores de risco para doenças cardíacas, como tabagismo, pressão alta, falta de exercício e colesterol elevado.
No caso, o que se observou é que nos indivíduos que pesavam mais e apresentavam níveis anormalmente altos de colesterol no sangue estavam um pouco mais em risco de futuras doenças cardíacas.
Na verdade, quanto mais rica em colesterol e gordura saturada era a dieta, menor eram as taxas de colesterol. Ou seja, este não é o principal causador de doença cardíaca. Portanto, a prova da hipótese lipídica (a noção de que a gordura da dieta leva à alta de colesterol e causa doenças cardíacas), não se sustenta.
MRFIT (Ensaio de Intervenção em Fatores de Risco Múltiplo)
Neste caso, se avaliou 180.000 homens durante um período de 13 anos. Como resultado final ficou claro que os homens com colesterol de 330tiveram menos acidente vascular cerebral hemorrágico em comparação a homens com colesterol menor que 180.
Annals of Nutrition & Metabolism
Esse longo estudo japonês mostra que as pessoas com colesterol mais alto vivem mais, independentemente da idade.
Resultados similares foram feitas também por um estudo na Holanda e publicado no BMJ em 2016.
Honolulu Heart Program
Um dos estudos pioneiros que mostra que o colesterol elevado não é tão prejudicial. Aliás, estes níveis mais altos de colesterol podem proteger o coração.
An International Journal of Medicine
Nesta publicação, observa-se que o colesterol sérico alto e / ou o LDL desempenham um papel fundamental no sistema de defesa imunológica, sendo protetores contra infecções e aterosclerose.
Quarterly Journal of Medicine
Os autores mostram numerosos estudos de controle observando-se um efeito protetor contra inúmeras doenças não cardiovasculares, incluindo o câncer.
Psychiatric Service
Neste estudo observa-se uma correlação entre colesterol baixo (180 mg / dL e menor) e violência. Em pacientes em um hospital psiquiátrico por longos períodos, comparados com outros pacientes, houve uma “associação altamente significativa e forte entre níveis mais baixos de colesterol e comportamento violento”.
Epidemiology
Relatórios recentes sugeriram uma ligação entre o colesterol total sérico baixo e o risco de morte por suicídio.
Portanto, muito do que normalmente se acreditava sobre colesterol se baseou em conclusões distorcidas, que vem se perpetuando com consequências desastrosas nestes últimos 70 anos, pelo menos.
As mesmas pesquisas reavaliadas e as novas mostram uma correlação muito fraca entre colesterol e doença cardíaca. Pense nisso e faça das gorduras boas suas aliadas para uma Supersaúde!