Narra-nos o Evangelista Lucas que um homem se aproximou de Jesus e lhe indagou sobre quem seria o seu próximo.
Em resposta, o Mestre narrou a história do samaritano e o homem caído na estrada, a fim de que o próprio questionador descobrisse, na parábola, a elucidação à sua dúvida.
Falando de nós mesmos, será que sabemos quem é o nosso próximo, aquele a quem devemos amar?
Talvez pensemos nos que nos cercam, no vizinho, que poderá precisar do nosso socorro, em algum momento.
Talvez alonguemos nosso pensamento e identifiquemos professores, alunos, companheiros de trabalho, servidores de variada ordem como o nosso próximo.
Pessoas com as quais contatamos todos os dias. Talvez até nos lembremos de que poderá ser aquele que se serve da mesma condução que nós, quase todos os dias.
Quem sabe o motorista do coletivo!
Aquele que encontramos no mercado, na frutaria, na panificadora.
No entanto, será que nos lembramos de alguém, quase anônimo ou invisível, que nos serve, vários dias na semana, a todos os que habitamos as cidades?
Possivelmente nunca lhe vimos o rosto porque nunca o olhamos. O serviço dele é rápido, ele não se detém a cumprimentar ninguém.
Transita agarrado na parte de trás de um grande e barulhento caminhão, que percorre as ruas, de forma mais ou menos rápida, exigindo-lhe destreza e preparo físico.
Falamos do lixeiro que desce do caminhão, corre, apanha os sacos de lixo, lança-os para dentro da caçamba, sinaliza ao motorista que prossiga e continua correndo.
Uma verdadeira maratona. Quantos quilômetros ele correrá por dia? Algumas vezes tivemos a curiosidade de conhecer o seu trajeto, seu horário de trabalho e nos pusemos a calcular a sua quilometragem diária?
Quantos sacos arremeterá para dentro da caçamba a cada dia?
Essa criatura é nosso próximo, prestando um serviço de extraordinário valor.
Algo que somente valorizamos quando ocorre algum problema e a coleta do lixo é suspensa por um dia, dois dias.
E tudo vira um caos, pelas ruas, com cães abrindo os sacos plásticos, o mau odor se espalhando pelo ar.
Nós nos preocupamos com esse próximo?
Quando precisamos descartar lâminas, objetos pontudos, nos recordamos que as mãos desse nosso próximo poderão ser feridas?
Pensamos que se atingidas por um objeto desses, poderão ter graves problemas e até levar à morte o lixeiro?
Manifestamos nosso amor ao próximo zelando por sua segurança?
Tomamos o cuidado de colocar tudo que seja passível de ferir em garrafas pet, por exemplo? Cacos de vidro em caixa de papelão?
Alguma vez buscamos olhá-lo nos olhos? Quem sabe em alguma oportunidade lhe sorrir e dizer: Obrigado por retirar nosso lixo?
Poderemos dizer que aquela é a sua tarefa, é o seu trabalho e pagamos por isso, com nossos impostos.
Tudo isso não nos descredencia a ter compaixão, a retirá-lo da condição de invisível, a lhe dirigir um cumprimento, um agradecimento.
Até, quem sabe, na noite fria, ofertar um lanche quente. Ele o apanhará e continuará correndo, mas em algum momento o poderá saborear, com apetite.
Ele é nosso próximo, nosso irmão.
Redação do Momento Espírita.
Em 9.11.2019.
11:00:03