Após a entrada de Gleisi Hoffmann na articulação política e a troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde, a reforma ministerial esfriou momentaneamente no Palácio do Planalto. A tendência é que novas movimentações aconteçam apenas no fim de março, mas forma pontual, como foram as fases anteriores.
A demora na definição dos espaços no Palácio do Planalto tem irritado internamente parte do Centrão, que quer agilidade para encerrar o impasse e manter boa relação com o governo. O PSD, por exemplo, é um dos mais irritados com as decisões tomadas em compasso de espera. Fazem coro, em uma escala menor, o MDB e o PSB – que deve perder mais um ministério.
Até o momento, além de Gleisi e Padilha, o petista tirou Paulo Pimenta (PT-RS) da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e colocou seu marqueteiro na campanha de 2022, o publicitário Sidônio Palmeira. A ideia é tentar reverter a baixa popularidade do governo em um curto espaço de tempo.
De fato, Lula priorizou o PT e, principalmente, a articulação para as eleições de 2026. De quebra, o presidente da República pode mover importantes peças do xadrez para as eleições internas no partido, marcadas para julho.
A prova dessa estratégia é a própria ministra Gleisi Hoffmann. Ela, além de articular as prioridades do governo, deverá costurar acordos visando a reeleição petista. A nomeação dela na Secretaria de Relações Institucionais ainda tende a segurar indicações paralelas para a disputa à presidência do PT, que tem Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), como favorito.
Articuladores do Planalto avaliam que esses motivos devem manter o partido como prioridade na reforma nos próximos dias. Uma das mudanças cogitadas está no Desenvolvimento Agrário, com a possível saída de Paulo Teixeira (PT-SP) para o retorno de Paulo Pimenta ao gabinete ministerial.
Outra alteração cogitada está na pasta das Mulheres. Atual chefe do ministério, Cida Gonçalves pode deixar o cargo e dar lugar a Luciana Santos (PCdoB-PE), atual ministra de Ciência e Tecnologia.
Ainda no campo da esquerda, Lula ventila a possibilidade de nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o lugar de Márcio Macedo na Secretaria-Geral da Presidência. A escolha seria uma demanda pessoal do presidente da República, de acordo com interlocutores.
A hipótese acendeu o alerta na cúpula do Centrão, que admite o medo do petista alinhar uma gestão totalmente à esquerda e deixar de lado uma coalizão. JVR