A discussão sobre os custos para a conclusão da usina nuclear de Angra 3, após mais de 40 anos de obras, está gerando divisões dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A equipe econômica defende o abandono do projeto, enquanto outros membros do governo, como o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo Leite, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, são enfáticos na conclusão da obra.
Segundo estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seriam necessários R$ 23 bilhões para finalizar a usina, além dos R$ 12 bilhões já aplicados. Caso o projeto seja abandonado, o custo seria de R$ 21 bilhões, incluindo penalidades e rescisões de contratos.
A Eletronuclear planeja buscar financiamento no mercado para minimizar os impactos para o Tesouro Nacional e argumenta que a energia nuclear é estratégica, sustentável e oferece geração contínua, ao contrário das usinas eólicas e solares. No entanto, a equipe econômica considera que o custo elevado da geração de energia poderia pesar na conta de luz.
A obra foi iniciada na década de 1980, mas paralisada diversas vezes, por questões financeiras e, mais recentemente, devido à Operação Lava Jato. A disputa sobre a conclusão da usina envolve também divergências entre o governo e a Eletrobras, que possui participação no projeto.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) discutirá o tema nesta terça-feira, mas a decisão sobre o futuro da usina pode ser novamente postergada. O impasse sobre a participação do governo no conselho da Eletrobras, após a privatização da empresa em 2022, também contribui para a incerteza.
Enquanto o governo não resolve a questão, a conclusão de Angra 3 continua sendo um dos temas mais debatidos e decisivos para o futuro da energia nuclear no Brasil.