Um estudo conduzido por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) mostrou que o vírus da zika é capaz de infectar o tecido cerebral de adultos –e não apenas de fetos.
A pesquisa explica complicações neurológicas apresentadas por adultos durante o surto da doença em 2015. Alguns pacientes apresentaram confusão mental, perda de memória e até dificuldades motoras.
Ela foi publicada ontem no Nature Communication, um dos principais veículos científicos do mundo.
Ele revelou que, além de provocar a infecção, o vírus continuava se replicando, ou seja, produzindo novas partículas virais capazes de infectar outras células dos neurônios de adultos.
Até então, acreditava-se que o vírus zika infectasse apenas as células progenitoras ou neurônios imaturos, como ocorre no cérebro em desenvolvimento dos fetos.
Para a professora da Faculdade de Farmácia da UFRJ Claudia Figueiredo, que liderou a equipe, o resultado explica o grande número de complicações neurológicas causadas pela infecção do vírus em adultos, no surto em 2015.
Cientistas do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho infectaram com o vírus da zika amostras de tecido cerebral de adultos humanos. O vírus se mostrou capaz de infectar os neurônios e se multiplicar.
“A inflamação provoca a degeneração das sinapses [responsáveis pela ligação entre os neurônios], interrompendo a comunicação”, explicou Sérgio Teixeira Ferreira, outro coordenador.
A descoberta revela que a infecção pode ter sérios desdobramentos, ainda desconhecidos, no longo prazo. Os recentes cortes das bolsas do CNPq e da Capes, no entanto, devem interromper a continuidade da pesquisa, alertaram os cientistas envolvidos.
Metro
10:40:02