Colonização europeia deixou cicatriz no DNA do Brasil, diz pesquisadora

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O estudo “DNA do Brasil” está oferecendo novas e valiosas informações sobre a diversidade genética da população brasileira. Um dos achados mais notáveis é a predominância dos cromossomos Y de origem europeia, herdados dos pais, na composição genética dos brasileiros. Essa constatação revela um reflexo das dinâmicas históricas da colonização, onde os povos indígenas e africanos foram subjugados, e os europeus se tornaram a base dominante, principalmente na linhagem paterna.

Principais conclusões do estudo:

  1. Predominância europeia nos cromossomos Y: A pesquisa indicou que a maior parte dos cromossomos Y, que são transmitidos de pai para filho, tem origem europeia. Isso sugere um legado da colonização, quando houve uma intensa imigração europeia e dominação das populações indígenas e africanas.
  2. Diversidade mitocondrial: Em contraste com os cromossomos Y, o DNA mitocondrial (herdado exclusivamente da mãe) mostra uma distribuição mais equilibrada entre os três principais grupos ancestrais do Brasil: um terço indígena, um terço africano e um terço europeu. Essa característica reflete uma mistura mais equitativa de linhagens maternas ao longo do tempo.
  3. A miscigenação e o impacto da colonização: Lygia da Veiga Pereira, coordenadora da pesquisa, afirmou que o estudo evidencia uma “cicatriz” genética da colonização, com a predominância da linhagem paterna europeia. Isso não apenas destaca a influência de povos dominantes sobre os povos indígenas e africanos, mas também aponta para um legado genético profundo que ainda persiste na população brasileira.
  4. Objetivos do estudo:
    • Representatividade: O estudo visa aumentar a representatividade da população brasileira em pesquisas genéticas globais. Como a genética brasileira é muito distinta de outras populações em regiões como a Europa e América do Norte, a inclusão do Brasil em estudos genômicos globais é essencial.
    • Saúde e doenças: A pesquisa busca identificar variações genéticas que podem estar relacionadas a condições de saúde prevalentes no Brasil, o que pode facilitar a prevenção e o tratamento de doenças.
    • Identidade e história: O estudo também pretende ajudar a entender melhor a formação do povo brasileiro, detectando vestígios genéticos das diversas etnias que contribuíram para a formação da nação, incluindo os indígenas, africanos e europeus.
  5. Progressos e desafios:
    • A pandemia de COVID-19 atrasou o andamento do projeto, mas, recentemente, o estudo avançou com a sequência de mais genomas, ampliando a base de dados para 10.000 genomas sequenciados até o meio de 2024. Embora o Brasil ainda esteja bem atrás de países como o Reino Unido, que já sequenciou 500.000 genomas, o projeto está se expandindo para incluir mais subpopulações do país, o que ajudará a mapear melhor a diversidade genética brasileira.

A importância do estudo:

Este projeto não só reflete sobre a diversidade genética do Brasil, mas também é crucial para entender as condições de saúde da população e as marcas históricas da miscigenação. Ao identificar as variações genéticas que se originaram das diferentes populações que formaram o Brasil, o estudo também contribui para a construção de uma identidade brasileira mais profunda e cientificamente respaldada.

Em última análise, o estudo “DNA do Brasil” busca colocar o país em um mapa genético global, além de usar a genética para melhorar a saúde pública e esclarecer a evolução histórica da população brasileira.

 

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