O médico recém-formado, Mohamed Kabawa, nascido na Síria, carrega uma história inspiradora de resiliência e transformação. Aos 15 anos, em 2015, ele e sua família deixaram o país natal para escapar da guerra civil e buscar segurança no Brasil. Hoje, aos 24 anos, Mohamed celebra sua formatura na Universidade Federal de São Carlos e reflete sobre sua jornada de desafios, superação e adaptação. Ele esteve no final de semana em Presidente Prudente para participar da festa de formatura da colega de turma, Gabriela Gil Castilho, e conversou com o jornalista Sinomar Calmona de O Imparcial. Veja a matéria publicada hoje.
Da guerra à esperança
Na Síria, Mohamed vivia confortavelmente como filho de um juiz. Contudo, a guerra transformou radicalmente sua vida. “Eu era um menino mimado, tinha tudo o que queria, mas a guerra nos forçou a abandonar tudo para salvar nossas vidas. Foi quando começamos do zero no Brasil”, relembra. A mudança trouxe uma nova perspectiva. Longe do conforto que conhecia, Mohamed teve que encarar a realidade de aprender um idioma desconhecido, adaptar-se a uma cultura nova e se reinventar. “Essa experiência me despertou para a vida. Entendi que precisava me esforçar, estudar e buscar ser alguém”, afirma.
Adaptação e resiliência
Mohamed destaca a adaptação como a chave para seu sucesso. “Uma professora no ensino médio me chamou de resiliente, e eu nem sabia o que significava. Quando descobri, percebi que era isso: o segredo da vida é o poder de se adaptar.” Ele enfatiza que a verdadeira inteligência está em saber usar as ferramentas disponíveis para superar adversidades. Aprender o português do zero foi uma tarefa árdua, mas cheia de momentos engraçados. “Uma vez, um amigo me ensinou que ‘filho de uma puta’ era bom dia. Eu, sem saber, fui cumprimentar meu professor assim! Todo mundo riu, e só depois entendi o que tinha dito”, conta, rindo.
Gratidão ao Brasil
Embora suas raízes estejam na Síria, Mohamed encontrou no Brasil um lar. Ele destaca a comunidade sírio-libanesa em São Paulo como um ponto de apoio importante, especialmente durante seu estágio no Hospital Sírio-Libanês. No entanto, é ao povo brasileiro que ele direciona sua maior gratidão. “Eu devo muito ao Brasil. Aqui, fui acolhido, estudei em instituições públicas e construí minha carreira. Pretendo ficar e retribuir todo o bem que o Brasil me fez”, declara. Mohamed se naturalizou brasileiro e diz, com orgulho, que já se sente parte do país.
O futuro
Com planos de seguir na medicina no Brasil, Mohamed vê o país como sua casa. Quando perguntado sobre o que mais gosta no Brasil, ele não hesita: “Coxinha! É meu ponto fraco. Quero experimentar todas as coxinhas de todos os restaurantes do país. Mas, além disso, é a simpatia do povo brasileiro. Sou extremamente grato”. A história de Mohamed Kabawa é um exemplo de coragem, resiliência e gratidão. De refugiado a médico, ele prova que, com determinação e apoio, é possível transformar adversidades em conquistas. Sinomar Calmona