O Rio Negro atingiu sua menor marca em 121 anos de medição. O nível do rio está em 12,66 na manhã desta sexta-feira (4), segundo dados medidos pelo Porto de Manaus. Este é o menor nível do rio já registrado, superando os 12,70 marcados em outubro de 2023.
O rio está baixando em média 19 centímetros por dia. A seca deste ano está mais severa e isso se reflete na antecedência da estiagem, que costuma acontecer anualmente nos meses de outubro. Em 2023, a falta de chuvas já havia sido histórica, mas, no dia 30 de setembro do ano passado, o Rio Negro estava com uma profundidade de 15,66 metros, enquanto a mínima de 12,7 foi alcançada apenas no dia 27 de outubro, ou seja, um mês depois do que está sendo visto neste momento.
Considerando o que houve no ano passado e a seca atual, os pesquisadores do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) estimam que o rio pode ficar até mais de dois meses em uma cota abaixo de 16 metros. Historicamente, a cota abaixo de 15,8 metros é considerada severa, e chega a nível “extremo” quando supera os 14.05 metros.
O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas e o sétimo maior rio do mundo em volume de água. O seu ciclo de cheias e secas é natural, mas a gravidade da estiagem dos últimos dois anos alcançou marcas históricas e impactos sociais e ambientais. Como os barcos são a principal forma de transporte na Amazônia, a seca, que impede navegação em alguns trechos, deixa comunidades isoladas, sem acesso a abastecimentos e diesel.
Moradora da comunidade Nossa Senhora de Fátima, zona rural de Manaus, Cassia Maria da Silva explica que hoje apenas poucos barcos, pequenos, chegam até o centro da capital, em um trajeto que costumava levar 15 minutos. Pela estrada, a viagem dura entre três e quatro horas.
— Está bastante difícil, o rio está tão seco que andamos no meio dele. A Defesa Civil precisou distribuir água e alimentos. Muita gente parou de trabalhar, como os pescadores e comerciantes, porque alguns mercados precisaram fechar — explicou a moradora, em relação à dificuldade no abastecimento de —mercadorias . O Globo