A Rússia considerou, nesta quarta-feira (28), que a decisão de Kiev de não prorrogar o contrato com a gigante russa Gazprom para fornecer gás para a Europa através do território ucraniano “prejudicará gravemente os interesses dos consumidores europeus”.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, foi categórico na terça-feira ao afirmar que “ninguém vai prorrogar o acordo com a Rússia, acabou”, declarou.
O contrato entre as empresas ucranianas Natfogaz e GTSOU com a Gazprom foi assinado no final de 2019 por um período de cinco anos, até 31 de dezembro de 2024.
Apesar da guerra, iniciada com a operação militar russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia entregou pouco mais de 14 bilhões de metros cúbicos de gás em 2023 à Europa através do território ucraniano, menos dos 40 bilhões de m3 previstos no contrato.
Áustria, Hungria e Eslováquia são os principais beneficiários.
“Tal decisão por parte da Ucrânia prejudicará gravemente os interesses dos consumidores europeus que ainda querem comprar gás russo”, criticou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
“Simplesmente terão que pagar muito mais, o que tornará a sua indústria menos competitiva”, ressaltou, recordando que Moscou iniciou negociações com a Turquia para criar, a longo prazo, “um centro de gás” neste país.
No início de julho, Zelensky indicou que a Ucrânia estava negociando com o Azerbaijão, um grande produtor de gás natural, para substituir o gás russo enviado à Europa pelo gás azerbaijano.
No entanto, a Ucrânia não possui uma fronteira comum com o Azerbaijão e este gás deverá continuar passando por um gasoduto que atravessa a Rússia.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, anunciou no final de julho que a União Europeia e Kiev lhe contactaram para “facilitar” as negociações com Moscou e chegar a um acordo benéfico para todas as partes.
Como resposta ao lançamento da operação russa na Ucrânia, a UE declarou que queria parar de utilizar o gás natural russo até 2027. AFP