O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, com baixos índices de popularidade, anunciou nesta quarta-feira (14) que desistiu da reeleição como líder do partido e, em consequência, de seguir à frente do governo da quarta maior economia mundial.
O Partido Liberal Democrático (PLD), a legenda conservadora que governa o Japão de maneira quase ininterrupta desde 1945, escolherá em setembro o seu novo presidente que, seguindo a tradição nipônica, também assumirá o cargo de chefe de Governo.
No poder desde outubro de 2021, o primeiro-ministro de 67 anos, que teve a imagem abalada pelo índice de inflação e por uma série de escândalos político-financeiros em seu partido, anunciou em uma entrevista coletiva que deixará o comando do partido.
“É necessário demonstrar ao povo que o PLD está mudando e que o partido é um novo PLD”, disse.
“Para isto, são importantes eleições transparentes e abertas, além de um debate livre e vigoroso. O primeiro passo mais óbvio para demonstrar que o PLD vai mudar é que eu me afaste”, argumentou.
Nomeado primeiro-ministro poucos dias após sua eleição como líder do PLD há quase três anos, a popularidade de Kishida e de seu governo desabaram para apenas 25% de aprovação, segundo uma pesquisa do canal público NHK.
Em novembro do ano passado, ele anunciou um pacote de estímulo de mais de 100 bilhões de dólares (545 bilhões de reais na cotação atual) para revitalizar a economia, mas o plano não reduziu a insatisfação entre os eleitores e dentro do próprio partido.
Além da inflação, algo novo para muitos japoneses após décadas de estagnação e deflação, o crescimento econômico desacelerou e a cotação do iene registrou forte queda, o que deixou os produtos importados ainda mais caros.
Criticado internamente, Kishida, que escapou de um ataque com uma bomba de fabricação caseira no ano passado, goza de uma boa imagem entre os países ocidentais por seu firme apoio à Ucrânia desde a invasão russa e pelos investimentos no setor de defesa após décadas de pacifismo estrito no Japão.
Com o estímulo de Washington, o primeiro-ministro se comprometeu a dobrar os gastos com defesa do país até 2027, para alcançar os 2% do PIB recomendados pela Otan, embora o país não integre a aliança.
Com uma “liderança forte”, Kishida “ajudou a construir uma rede de alianças de segurança em toda a região do Indo-Pacífico que resistirá ao tempo”, elogiou o embaixador dos Estados Unidos no Japão, Rahm Emanuel. AFP