Vilarejos em regiões montanhosas são de difícil acesso, e muitos continuam presos sob escombros em áreas às quais só se pode chegar a pé ou em montaria. Especialistas falam em “corrida contra o tempo”. Quase 48 horas após o Marrocos ser abalado pelo pior terremoto em mais de seis décadas, equipes de resgate ainda pelejavam neste domingo (10/09) para libertar pessoas presas debaixo dos escombros de edificações que ruíram na pequena cidade de Amizmiz, aos pés da cadeia de montanhas do Alto Atlas.
Na sexta-feira, por volta das 23 horas da noite (horário local), um terremoto de magnitude 6,8 na escala Richter com epicentro próximo à cidade de Oukaimeden, a 90 quilômetros dali, atingiu o país.
Até a noite de domingo, as autoridades marroquinas contabilizavam mais de 2.100 mortos e mais de 2.400 feridos – boa parte em estado grave. Mas o saldo de vítimas pode ser muito maior, já que os abalos causaram danos em regiões no país de difícil acesso. A Organização Mundial da Saúde estima em mais de 300 mil o número de afetados pelo desastre.
Organizações especializadas em resgates consideram as primeiras 72 horas após um sismo críticas para salvar vidas. Passado esse período – ou seja, a partir das 23 horas de segunda-feira –, a chance de sobrevivência terá caído para entre 5% e 10%.
“É indescritível”, desabafa Naima Oufkir, moradora da cidade de aproximadamente 14.000 habitantes. “Minha vizinha estava grávida. Agora ela está debaixo dos escombros em algum lugar. Estamos rezando para que ainda esteja viva.”
Para além do Marrocos, os tremores foram sentidos na Argélia, Espanha e até em Portugal. Em 1960, um terremoto destruiu Agadir e provocou mais de 12.000 mortes – este, contudo, não superou em intensidade o evento de sexta-feira, segundo o órgão americano de monitoramento de atividade sísmica USGS. DEUTSCHE WELLE