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O Eldoradense fala sobre o Censo 2022 em Presidente Venceslau

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Comentário
PRESIDENTE VENCESLAU EM 5 DÉCADAS, SEGUNDO IBGE


Os números do último censo demográfico nacional do IBGE trouxeram decepção e preocupação ao venceslauense: De 2010 para cá, tivemos um decréscimo populacional de 7%, que, em números absolutos, significam 2709 habitantes a menos. Abaixo, mostro uma tabela com a série histórica dos censos nacionais, desde 1970, até os dias atuais: Fonte – IBGE

Ano Habitantes Ranking Estadual
1970 25.976 105°
1980 30.090 115º
1996 35.090 141º
2000 37.347 141º
2007 37.155 156º
2010 37.910 162º
2022 35.201 174º

Algumas curiosidades sobre os números: Em cinco décadas, a população venceslauense cresceu aproximadamente 10000 habitantes, e a relevância dos nossos números perdeu praticamente 70 posições no ranking estadual. Isso revela que quando crescemos, crescemos pouco, e no momento atual, agonizamos um decréscimo no número de moradores, o que é ainda mais preocupante.

Levando-se em conta o contexto histórico num primeiro momento, as curvas crescentes populacionais locais seguiram a tendência nacional, porém, com números mais modestos, muito provavelmente já sinalizando nossa tímida projeção econômica dentro de uma região que sempre figurou entre as mais pobres do estado. Ainda assim, seguindo o contexto nacional, a mortalidade infantil diminuiu, a expectativa de vida aumentou, o que favoreceu – ainda que modestamente – o crescimento vegetativo da população local.

Em um segundo momento, com o avanço dos métodos contraceptivos, o êxodo rural e a consequente necessidade de planejamento familiar, vieram também os números menores de crescimento populacional nacional, pois as famílias tornaram-se também, menores . E é neste segundo momento que Presidente Venceslau começou a sua estagnação populacional seguida de decréscimo recente. Isso acarreta, obviamente, menos recursos para nossa cidade no FPM (Fundo de participação dos municípios).

Levando-se em conta que em 1970 o Estado de São Paulo possuía 571 municípios e que atualmente possui 645, perder 69 posições no ranking estadual populacional sinaliza que há um equívoco – ou ausência? – nas políticas públicas de desenvolvimento socioeconômico locais ao longo destas cinco décadas. E é fato que a a causa não é apenas uma, mas sim, uma gama de variáveis que culminam nos últimos resultados.

O primeiro, envolve a localização geográfica: Estamos numa região fronteiriça onde temos uma única cidade polo, cuja irradiação de pujança econômica atinge praticamente apenas municípios vizinhos na condição de “cidades dormitório”. Além desta quilometragem, Presidente Prudente passa a absorver habitantes de cidades um pouco mais distantes, pois os gastos econômicos e de tempo com este deslocamento tornam quase que inviáveis a fixação destes trabalhadores em suas cidades de origem. A ausência de uma segunda cidade polo em nossa região não proporciona novas irradiações de prosperidade, o que dificulta não só o crescimento de Presidente Venceslau, como também de outras cidades. Dracena, o segundo município em número de habitantes em nossa região, não chegou ainda aos 50 mil moradores.

O segundo, envolve o tamanho da população regional, que obviamente, traz pouquíssima – ou quase nenhuma – representatividade política nos âmbitos estadual e nacional. Sem representantes, há a ausência ou rarefação de projetos específicos de desenvolvimento e exposição das nossas demandas regionais dentro das esferas estaduais e nacional.

O terceiro, ao meu ver, envolve os modais de transportes para o fluxo e circulação de mercadorias e serviços: A mola propulsora da colonização rumo ao Oeste paulista, a ferrovia, está sucateada, abandonada, sem qualquer perspectiva de reativação. As rodovias terceirizadas para as concessionárias tiveram melhorias no leito carroçável, porém, mantiveram praticamente os mesmos custos tarifários das regiões mais prósperas, o que nos faz perder competitividade.

E a hidrovia? Se ela fosse, de fato, levada a sério, a integração com a malha ferroviária poderia facilitar o escoamento do que produzimos a custos bem menores para outras localidades, o que infelizmente, não acontece. O Rio Paraná tem um potencial bem maior do que é, de fato, explorado.

A nossa estrutura fundiária é altamente concentradora de terras, onde praticamos majoritariamente a pecuária extensiva, sem maior dinamismo e aproveitando menos potencialidades que o boi pode oferecer. A pecuária intensiva demandaria menos espaço, é mais produtiva e é chamariz para agroindústrias: frigoríficos, laticínios, cortumes, por exemplo. A pecuária extensiva “engoliu” os pequenos proprietários de terra, produtores familiares de alimentos, que deslocaram para as pequenas cidades da região, mas também para outros centros urbanos do estado.

Com tão pouco dinamismo econômico regional, há a ausência de um número maior de universidades, serviços de saúde públicos satisfatórios, cultura, lazer, dentre outros atrativos. É um efeito cascata que afasta moradores e culmina em êxodo. É difícil tirar conclusões e apresentar soluções sem um estudo mais aprofundado, apenas baseado em impressões superficiais. Mas é fato que as resoluções deste problema passam por um plano de desenvolvimento local e regional sério, específico, técnico, comprometido de fato, com a causa. Com pouquíssimos estímulos, é claro que quem não tem oportunidades por aqui vai alçar voos em outras localidades, buscando maior renda e qualidade de vida.

É também curioso o fato de percebemos, ao longo dos anos, o aumento no número de edificações residenciais em nosso perímetro urbano, e mesmo assim, convivermos com o decréscimo populacional na prática: Atualmente já existem condomínios na cidade, novos edifícios foram construídos, novos bairros surgiram. Porém, tais moradias possuem cada vez menos moradores, que também podem ter vindo das áreas rurais do município, explicando, provavelmente, a falsa impressão de aumento populacional, que na prática, não houve.


NANDO FREITAS
É o “O Eldoradense”


 

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