Os quatro pilares para a educação são conceitos de fundamento dessa arte, baseados no relatório elaborado para a UNESCO pela Comissão Internacional para o século XXI, coordenada por Jacques Delors.
A equipe, composta por mais de quatorze especialistas de renome, provenientes de várias regiões do mundo, atuantes em diferentes campos culturais e profissionais, teve a incumbência de refletir sobre a educação e a aprendizagem no século XXI.
Em 1993, o documento foi apresentado e pode ser resumido em quatro grandes propostas: Aprender a fazer, Aprender a conhecer, Aprender a conviver e Aprender a ser.
Tomamos, então, como centro de nossas reflexões momentâneas a proposição do Aprender a conviver.
Esse domínio de aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das atitudes e valores.
O documento se utiliza de um termo bastante inspirador: a descoberta progressiva do outro.
Podemos estranhar, num primeiro instante, falar em descoberta do outro, se o outro sempre esteve em cena, isto é, desde o princípio da Criação, lidamos com a presença de um próximo.
No entanto, o termo descoberta vai mais fundo do que a simples constatação de que há alguém no mundo além de nós mesmos.
Descobrir o outro significa partilhar com ele o mundo, a vida, as oportunidades.
Descobrir o outro é perceber a importância do próximo em nosso contexto de existência. Saber que não fazemos nada sozinhos e que a vida precisa ser muito mais colaborativa do que competitiva.
A competição ainda é força motivadora, sem dúvida, no estado de Humanidade em que nos encontramos.
Porém, com o tempo e maturidade, perceberemos que a colaboração é potência mais grandiosa ainda.
Assim, descobrir o outro significa pensar em comunidade e não apenas em unidade. O mundo não gira ao nosso redor, mas todos giramos juntos com o mundo.
Essa sempre foi a proposta cristã. Estava no Amai-vos uns aos outros como eu vos amei; e também no Não vos chamo mais servos, mas vos chamo irmãos.
Jesus amou as diferenças. Conviveu com os diferentes e valorizou a função de cada um no todo.
As diferenças nos educam, o diferente nos faz abrir a mente e o coração, enquanto o igual pode nos acomodar.
Conviver com quem pensa como nós, com quem tem os mesmos valores, pode parecer atrativo e suficiente. Engano nosso.
Conviver com o pensamento oposto, com a ideia que se choca é construir em nós um senso de igualdade, a verdadeira igualdade.
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Estamos na Terra para aprender a conviver.
Há virtudes que só desenvolvemos no contato com o outro. A maioria delas, em verdade.
Na convivência nos burilamos, na convivência nos fortalecemos.
Por mais decepcionantes que certas companhias por vezes possam ser, elas estão em nosso viver por razões muito valiosas e precisas. Observemos, convivamos, conheçamos e nos autoconheçamos.
Aprender a conviver é mecanismo fundamental da nossa educação como Espíritos em desenvolvimento.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.8.2019.
09:40:03