O rapaz estava desempregado. Fora despejado e dormia no carro. Carro, aliás, que ele não tinha dinheiro para colocar combustível.
Chegou o dia em que estava com fome. E sem dinheiro para comprar nada. Desesperou-se.
Na noite fria, o estômago reclamando, ele entrou em uma lanchonete. Como não sabia quando seria sua próxima refeição, comeu a mais não poder.
Quando chegou a hora de pagar, fingiu que tinha perdido sua carteira.
Fez um barulho enorme. Começou a olhar por todo lugar. Virou a lanchonete de cabeça para baixo.
De trás do balcão o cozinheiro, que era também o dono do lugar, saiu e foi até onde estava o rapaz.
Abaixou-se, fingiu apanhar alguma coisa do chão e entregou a ele.
Eram cem reais. Acho que você deixou cair quando entrou.
Danilo ficou confuso mas pagou a conta e saiu rapidinho.
E se o dono do dinheiro aparecer? – Ele se perguntava, andando pela rua.
Até que se deu conta que na verdade o dono da lanchonete fingira achar o dinheiro.
Ele colocou gasolina no carro e rodou para outra cidade. Enquanto rodava, agradeceu a Deus o gesto daquele desconhecido.
E prometeu que se sua vida melhorasse, ele faria aos outros o que aquele homem fizera por ele.
O tempo passou. Ele teve fracassos, reveses. Até que, afinal, as dores da pobreza passaram.
Foi então que Danilo decidiu que era hora de honrar a promessa e completar o voto feito naquela noite escura de inverno.
Pelos anos seguintes, ele iniciou sua jornada de doações. Queria dar, mas não queria que as pessoas o agradecessem.
Começou a identificar pessoas realmente necessitadas. Assim, a família de um garoto de 14 anos, que sofria de leucemia, encontrou uma larga soma de dinheiro, em sua caixa de correio.
Uma viúva, com sete crianças e dois netos, foi surpreendida com várias notas, colocadas embaixo de sua porta.
Um jovem que precisava de um transplante de pulmão, respirou aliviado quando em sua conta apareceu a expressiva soma que precisava para a cirurgia.
Ele pagou aluguel, prestações de carro, contas de mercado, sempre sem aviso e sem ficar por perto para elogios.
A sua alegria era a expressão no rosto dessas pessoas.
Agora só faltava ele agradecer a quem o socorrera.
Ele procurou pelo dono da lanchonete por quase um ano.
O local estava fechado.
Arranjou em encontro, dizendo-se historiador e que desejava fazer uma matéria sobre pessoas antigas da localidade.
Chegou carregado de presentes e uma grande quantia em dinheiro.
Eu sou aquele sujeito que você ajudou 29 anos atrás, disse Danilo.
Você mudou a minha vida, naquela noite.
O ex-dono da lanchonete, aposentado, com 81 anos de idade, chorou.
Sua esposa estava doente, lutando contra o câncer e o mal de Alzheimer.
Ele estava atolado em contas hospitalares. O dinheiro fora mandado por Deus.
Para Danilo, era um simples gesto de gratidão. Para aquele idoso, era o acenar de um novo tempo, sem provações.
* * *
Fomos criados para amar. Importar-se com os outros é caminho para a felicidade.
Se você segura a porta para a pessoa que está atrás de você, se leva uns docinhos para repartir com o pessoal do escritório, respire fundo.
Respire e sinta o cheiro da bondade. O mundo em que vivemos depende dela.
Redação do Momento Espírita, com base no
cap. O princípio do altruísmo, do livro
Muito além da coragem, de Chris Benghue,
ed. Butterfly.
Em 23.7.2019.
08:30:02