Autoridades da Ucrânia começaram a enterrar corpos não identificados encontrados em Bucha, cidade que chamou atenção do mundo por ter sido palco do assassinatos indiscriminados de civis, com evidências de execuções sumárias e torturas. Após ao recuo das tropas russas no final de março, cadáveres foram encontrados nas ruas e valas comuns criadas de forma improvisada. Depois de mais de quatro meses, muitos seguem sem identificação, procedimento que depende da confirmação de algum parente.
Conforme Mykhailyna Skoryk-Shkarivska, assistente do prefeito de Bucha, 14 corpos foram enterrados na terça-feira e outros 11 nesta quinta-feira. Outras três cerimônias estão planejadas para os próximos dias.
Quase todo o grupo sepultado mais recentemente foi enterrados às pressas em valas comuns por moradores que não tinham outra escolha em meio aos bombardeios. Um corpo foi encontrado depois da retirada das tropas russas da região. Segundo Mykhailyna, dos 458 civis que morreram durante a ocupação da cidade, 50 não foram identificados.
Apesar dos enterros, o trabalho de identificação pode ser mantido. Amostras de DNA foram coletadas com ajuda de militares da França e informações que possam ajudar na identificação são compartilhadas pelas autoridades nas redes sociais. As cruzes que acompanham os caixões no cemitério local têm identificações com números que permitem que os corpos sejam encontrados caso os testes sejam conclusivos ou um membro da família se apresente para reconhecer a vítima.
O padre Andriy Golovin, cuja igreja fica perto de uma das maiores valas comuns criadas em Bucha, participou do sepultamento e fez uma oração solitária pelas vítimas.
— É importante para nós que essas pessoas sejam enterradas com dignidade, como seres humanos e não apenas como corpos sem vida — disse Golovin à AFP, acrescentando que não encontra palavras suficientemente para denunciar o “mundo russo” que se revelou “em todo o seu horror” ao povo de Bucha.
Globo
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