Uma mãe denunciou o comportamento alterado do filho, de 2 anos, após consultas com uma fonoaudióloga de uma clínica particular especializada em atendimento às crianças com deficiência, em Duartina (SP).
O caso é investigado pela Polícia Civil, que já abriu um inquérito e aguarda os laudos de vídeos e outras provas para dar andamento às investigações.
A mulher, que preferiu não ser identificada, contou ao g1 que o filho foi atendido pela fonoaudióloga da clínica no dia 8 de junho de 2021, após notar que o pequeno não desenvolveu a fala, além de se alimentar apenas com comidas específicas.
Depois de levar o filho à consulta, foi recomendado pela fonoaudióloga, segundo a mãe, que levasse o menino a um neurologista pediátrico.
Assim foi feito, em 15 de junho de 2021, e o menino foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em grau leve para moderado pelo neurologista, também particular. A partir daí, a mulher começou a levar o filho em consultas regulares com a fonoaudióloga para que o acompanhamento fosse iniciado.
“Toda sexta-feira, meu filho ia à terapia com a fonoaudióloga e com a terapeuta ocupacional. Nós não tínhamos acesso às terapias, eram reservadas. Nesse tempo não observamos nada de anormal”, conta.
Em paralelo a isso, a mulher explicou que foi orientada a levar o filho à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Garça (SP), em julho de 2021. No local, ele também começou a ser acompanhado por fonoaudiólogas, psicólogas e terapeutas ocupacionais.
Pela APAE trabalhar com outro método de acompanhamento que não o ABA (Análise de Comportamento Aplicada – em português) , como utilizado previamente pela fonoaudióloga da clínica particular, os profissionais recomendaram que a mãe escolhesse um dos locais para tratamento do filho, a fim de não confundi-lo.
“Quando ele entrou na APAE eu percebi um avanço muito grande. Antes, ele não conseguia lidar com nada, mas melhorou o lado sensorial. Ele ainda não é 100% verbal, não entendemos muita coisa, mas tem melhorado muito. Ele já fala ‘mamãe’ e ‘papai’, por exemplo”, recorda.
As profissionais da APAE emitiram um relatório, encaminhado ao g1 pela mãe, com apontamentos de melhora no tato, no sensorial e, principalmente, na fala.
Inclusive, a mãe conta que chegaram a cogitar uma nova consulta com outro neurologista para comprovar o diagnostico de TEA, já que poderiam ter diagnosticado o esterotipismo de autista de forma precipitada.
Dessa vez em consulta com uma neurologista pediátrica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi levantada a hipótese de ser apenas um atraso de fala, com recomendação de que o paciente continue o atendimento periódico, além do acompanhamento com a APAE.
“Na primeira consulta, a médica falou que não fecha o diagnóstico para autismo antes dos 3 anos. Meu filho tinha 2 anos e 8 meses, mas na observação ela falou que ele não possui características para o autismo”, comenta.
Assim que o filho completou 3 anos, a mulher afirmou que o encaminhou à uma pediatra na Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta de rotina. Na ocasião, o menino se incomodou quando a médica examinou seus órgãos genitais.
Segundo a mãe, o menino começou a recusar o toque nos órgão em específico depois que começou a frequentar a fonoaudióloga da clínica particular de Duartina, sem razão aparente, até então.
Assim que percebeu essa alteração de comportamento, outras mães também entraram em contato com ela com relatos parecidos.
A mãe contou também que o delegado responsável pelas investigações do caso, Paulo Calil, a orientou a encaminhar o menino para psicóloga.
Essa, por sua vez, recomendou que a mãe gravasse um vídeo em que pergunta ao menino a respeito do órgão genital, relacionando ao período que foi atendido pela fonoaudióloga, na tentativa de descobrir o que motivou a recusa.
G1
08:20:03