Por falta de vacinas, bebês brasileiros não estão recebendo a proteção de que precisam nos primeiros meses de vida.
Quem procura os postos de saúde em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, para dar a vacina pentavalente nos filhos, volta para casa sem a imunização. Foi assim com a filha da administradora de empresas Daniela Mattos da Silva Soares. A menina deveria ter tomado a vacina no dia 25 de junho.
“A primeira vez eu fui lá e me falaram que não tinha vacina. E agora, quase todos os dias, eu estou ligando para ver se tem alguma previsão, e eles não têm previsão nenhuma”, lamentou.
Em São Paulo faltam vacinas em mais de 30 cidades no interior e no litoral. Na capital paulista, a coordenadoria de vigilância em saúde informou que o município não recebeu, no mês de junho, as doses da vacina pentavalente.
Em Goiás, a Secretaria de Saúde não recebe desde maio as doses necessárias. O Rio Grande do Sul também não recebeu a quantidade adequada nos últimos dois meses. Em Mato Grosso, além da pentavalente estão faltando outras duas vacinas. Em Pernambuco, a distribuição está irregular. No Rio Grande do Norte e no Pará, os estoques da pentavalente estão baixos.
O problema enfrentado agora teve início há dois meses. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, interditou um lote de vacinas pentavalente da empresa indiana Biologicals E. Limited em maio. A Anvisa informou que a vacina “obteve resultado insatisfatório no ensaio de aspecto”, que é a análise das características de um produto e da sua embalagem.
A vacina pentavalente faz parte do calendário nacional de imunização e deve ser dada de graça a todas as crianças. Ela protege os bebês contra cinco doenças graves: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite.
“Essa vacina é feita com dois, quatro e seis meses de vida com um reforço após um ano de vida. É muito importante que os bebês tomem essa vacina”, observou a médica pediatra Maria Carmem de Carvalho.
A mãe da Isabelle está preocupada. A menina, que tem cinco meses, não tomou a segunda dose da vacina no fim de junho.
“Eu tenho medo dela pegar uma doença sim, porque não pode ficar assim sem tomar vacina. Criança assim novinha é bem mais fácil de ficar doente”, contou a dona de casa Carol Aparecida Ribeiro dos Santos.
Enquanto as vacinas não chegam, a orientação é para que as mães evitem locais com muita gente.
“Evitem deixar seus bebês expostos a grandes aglomerações, porque a gente sabe que isso favorece o aparecimento dessas doenças”, afirmou a pediatra.
O Ministério da Saúde anunciou que vai enviar 400 mil doses da vacina pentavalente de outro laboratório para regularizar os estoques do país ainda neste mês.
Jornal Nacional
10:20:03