Todos os dias encontramos histórias comovedoras de pessoas que se doam ao próximo.
É maravilhoso vermos o exemplo dessas criaturas que trazem em si a real vontade de fazer algo em benefício do outro.
Encontram na simplicidade e na criatividade a melhor maneira de concretizar esse desejo.
Um desses exemplos é o da professora aposentada Eunir Alves Moreira de Faria.
Aos setenta e sete anos, colocou em frente à sua casa, na cidade de Patos de Minas, um cartaz oferecendo alfabetização gratuita para adultos.
Quando lhe perguntaram o que a levava a essa iniciativa na idade em que se encontrava, respondeu sorrindo:
Sinto a necessidade de ver pessoas lendo e escrevendo. Tenho duas mesas e dez cadeiras na varanda e foi esse ambiente que disponibilizei para proporcionar estudo a quem não tem.
Colei o cartaz há pouco mais de uma semana no portão, e todas as vagas foram preenchidas.
Inclusive, vou dar aula no período noturno para atender a quem trabalha durante o dia.
A aposentada, que lecionou por vinte e cinco anos em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, diz que fazer trabalho social é se realizar duas vezes.
Sinto-me melhor como pessoa e, ao mesmo tempo, volto a fazer o que me dá prazer: dar aula.
Como moro sozinha, também é uma forma de estar sempre acompanhada, ressaltou, ainda sorrindo.
* * *
Quantas vezes, tendo somado algumas décadas de vida, estando sozinhos em casa, passamos o tempo a reclamar de dores e de solidão.
Outras vezes nos entregamos a um desânimo sem fim, por não termos um objetivo na vida.
Buscamos, em diversões passageiras e vazias, preencher um valioso tempo, pois não nos dispomos a nos engajarmos em alguma atividade, porque poderá atrapalhar nosso sossego.
O pensamento comum é o da busca do descanso, do não se fazer nada porque a idade chegou, porque a aposentadoria aconteceu, porque os filhos se foram, ou o cônjuge desencarnou…
Se os nossos mais íntimos seguem em busca de suas realidades e nos vemos a sós nessa romagem, por que não construir novos laços, novas realidades?
Há tanto a fazer, em tantos lugares. Idosos em casas de repouso ou crianças à espera de adoção, se iluminam com a presença de visitas que lhes venham fazer companhia.
Se sabemos tocar um instrumento musical, podemos levar a alegria sadia da música.
Se gostamos de arte, podemos proporcionar uma tarde de recreação e dar-lhes a oportunidade de horas sadias de entretenimento.
Se gostamos de lidar com a terra, podemos, com eles, plantar uma horta ou mesmo um canteiro de flores.
São tantas as ONGs sérias precisando de voluntários para bem cumprir seus propósitos.
Igualmente são tantas as pessoas solitárias precisando preencher seu tempo, gerando alegria e bem-estar para si e para os outros.
Por vezes, afirmamos que já cumprimos nosso trabalho junto à família e à sociedade e fazemos jus à aposentadoria e ao descanso.
É uma verdade. Mas que não se torne uma aposentadoria improdutiva, uma aposentadoria de vida ou um descanso sem fim.
Que tal nos realizarmos duplamente, seguindo o exemplo da professora Eunir?
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base em relato
da professora citada, disponibilizado na Internet.
Em 1º.6.2019.